Jorge Coelho da Silveira nasceu no dia 9 de junho de 1908 no povoado de Pedra Branca, hoje pertencente ao município de Primavera. Filho de José Osório Coelho da Silveira, nascido em 20 de janeiro de 1850 e falecido em 24 de maio de 1928 e de Deolinda Teresa de Jesus (Loló), nascida em 15 de outubro de 1875 e falecida em 20 de junho de 1962. Era neto, pelo lado paterno, de Manoel Coelho da Silveira e Maria José do Espírito Santo e, pelo lado materno, de Laurentino Coelho da Silveira e Antônia Maria da Conceição.
Ele foi batizado pelo vigário Padre Jerônimo Higino Rodrigues de Assunção, no oratório privado da casa de residência de seu pai no Povoado de Pedra Branca, sendo seu padrinho Vicente Coelho da Silveira, morador da propriedade Prata. Foi registrado no dia 1º de março de 1909 no cartório de registro civil da Vila de Amaraji e foram testemunhas: Joaquim Manuel Silveira e Antônio José Pereira. José Sancho da Silveira, o escrivão ad-hoc que fez o assento de seu registro no livro foi, durante muitos anos, o escrivão do cartório Amaraji e, vinte um anos depois, tornou-se sogro de Jorge Coelho.
Ainda criança, foi estudar no seminário de Olinda. Deixou o seminário e foi para Natal, no Rio Grande do Norte, fazer o curso científico, ficando hospedado na residência do monsenhor José Alves Ferreira Ladim que havia sido vigário de Amaraji no período de 1912 a 1915. Em 1930, foi exercer a profissão de professor da seção masculina do Grupo Escolar da Usina União e Indústria, conhecida como Bonfim. Em 1936 ingressou na Faculdade de Medicina no Recife. Foi aluno laureado na turma de 1941 e recebeu o diploma no teatro Santa Isabel, no dia 6 de dezembro de 1941. Nesse período, trabalhava na Usina São João da Várzea em Recife, e, depois, como funcionário do Instituto de Previdência do Estado de Pernambuco – IPSEP.
Depois de formado, foi exercer a profissão de médico na Usina Caxangá em Ribeirão.
Em 1942, transferiu-se para a usina Trapiche, no município de Sirinhaém, em substituição ao médico Pedro Buarque que fora convocado para servir o exército. No dia 20 de novembro de 1943, através do ato 1561, publicado no Diário Oficial do Estado de 21.11.1943, foi nomeado pelo interventor federal de Pernambuco, Agamenon Magalhães, prefeito do município de Sirinhaém, onde executou a maior administração já realizada naquela cidade. No dia 21 de setembro de 1946, solicitou do mesmo interventor federal no Estado, sua exoneração do cargo de prefeito daquela cidade. Naquele mesmo ano, transferiu-se para Recife, onde foi trabalhar como médico chefe da pediatria do Hospital Centenário.
Em 1947, ele candidatou-se a prefeito de sua cidade natal, Amaraji, e nas eleições de 26 de outubro daquele obteve uma vitória esmagadora sobre o concorrente. No dia 15 de novembro de 1947 tomou posse como prefeito.
Juntamente com ele foram eleitos os seguintes vereadores: Álvaro Antunes Correia, Antônio Bernardo Cavalcanti, Ademar Orlando Figueiredo, José Otacílio Correia de Assunção, José Rufino de Brito, Felisberto Pessoa de Oliveira e Vitorino do Carmo Leitão.
Uma curiosidade da campanha eleitoral. Dr. Jorge do Partido Social Democrata - PSD, disputava a prefeitura com Francisco Xavier, da União Democrática Nacional - UDN. Este era apoiado pela usina União e Indústria e pelos fornecedores e cana. Dr. Jorge e o seu grupo eram chamados de “mocotó” e Chico Xavier, de “guará”. Por onde Dr. Jorge caminhava era sempre seguido por um grupo de correligionários, daí serem chamados de “mocotó”. Os correligionários de Chico Xavier, usineiro e plantadores, eram chamados de “guará” por conta do lobo guará que costumava fazer estragos no canavial. E nos comícios, ouviam-se os gritos de “guará”, “guará”, ou “mocotó”, “mocotó”. Era uma maneira de ofender o adversário.
Durante aquele período exerceu também a profissão de médico na usina Pedroza. Entre as obras que se destacaram na sua primeira administração estão: a colocação de meio fio em quase todas as ruas da cidade. Construiu a capela de Santo Amaro que foi inaugurada em 1949. Edificou o prédio da Rádio Educadora a Voz de Amaraji, local destinado a festas e eventos culturais. Construiu também as casinhas da Vila São Vicente, destinadas a idosos carentes e sem família, bem como o prédio de dois andares que pertence à Sociedade Beneficente São José do Amaraji. Abriu a Avenida José Osório até o prédio da estação. Em setembro de 1949 foi iniciada a construção da usina hidrelétrica que passaria a fornecer energia à cidade. Sua obra mais importante foi, sem dúvida, a abertura da rodovia que liga Amaraji à BR-101, passando pela usina União Indústria.
Movimentou a vida social da cidade promovendo teatros, bailes e eventos como o programa Amaraji de Outrora, onde as pessoas percorriam a cidade à luz de tochas, cantando e ouvindo narrações de fatos curiosos e folclóricos do município. O Amaraji de Outrora acontecia sempre em noites de lua cheia.
Realizou uma grande administração em Amaraji, recebendo por tudo que fez o título honroso de “Restaurador do Município”. Sua gestão durou até 15 de novembro de 1951, quando Sebastião Gomes de Andrade eleito no último pleito, tomou posse.
Em 1953, no mês de junho, começou a funcionar o posto de higiene estadual da cidade. A unidade sanitária muito bem instalada dispunha de equipamentos médico-cirúrgico para todos os casos de emergência. Dr. Jorge Coelho da Silveira foi designado médico-chefe da unidade. Ele veio transferido da cidade de Agrestina, aonde vinha exercendo idêntica função no posto de higiene daquela cidade.
Em 1954, no dia 02 de outubro, o Diário Oficial do Estado publicou a inscrição de Dr. Jorge Coelho da Silveira como candidato a deputado estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB. Na eleição realizada em três de outubro de 1953 ele ficou na suplência e, por várias vezes, assumiu como suplente de deputado estadual na Assembléia Legislativa.
No dia 19 de março de 1959 foi designado pelo governador do estado para exercer a função de chefe do posto de higiene de Amaraji.
Candidatando-se mais uma vez a prefeito de Amaraji venceu o pleito. No dia 15 de novembro de 1955, foi empossado pela segunda vez no cargo de prefeito de sua terra. Um fato interessante sobre sua posse. O então prefeito Sebastião Gomes fazia oposição ferrenha a Dr. Jorge Coelho de modo que, em seu último dia de gestão, renunciou ao mandato e passou a prefeitura para o vice-prefeito, Manoel Sales Coelho, que transmitiu o cargo ao novo prefeito eleito.
Naquela gestão foram eleitos os seguintes vereadores: Miguel Cavalcanti Sotero, José Teófilo Sobrinho, João Gonçalves de Medeiros, Luiz Gonzaga da Silva, Aristeu Correia da Silva, Albérico Batista dos Anjos, Áureo Bezerra, José Olegário Alves, Manoel Bernardo Cavalcanti.
Jorge Coelho foi casado com Nadir Judith da Silveira, nascida no dia 23 de novembro de 1913, filha de José Sancho da Silveira e Judith da Silveira. A cerimônia do casamento religioso realizou-se no dia 25 de junho de 1929, ele com 21 e ela com 16 anos de idade, num oratório privado da cidade, celebrado pelo vigário da paróquia, padre Paulo Hermógenes. Foram testemunhas: Zeferino Coelho da Silveira e Odilon Albuquerque de Souza Melo. O casamento civil realizou-se também na mesma data. Foi na residência da noiva, à tarde, presidido por Dr. Ernesto Vieira Santos, Juiz de Direito da Comarca. Foram testemunhas: o Coronel Frederico Davino Pontual e a Srta. Quitéria Coelho da Silveira; e o Coronel Pedro Correia de Mello e sua esposa Dona Amélia Correia de Mello.
No dia 22 de junho de 1959, ele adoeceu repentinamente e foi conduzido para Recife. Faleceu no dia 23 de junho de 1959, ás 5 horas da manhã, no Hospital Jaime da Fonte em Recife, aos 51 anos de idade.
Deixou três filhos: José Osório Coelho Neto, nascido em 29 de março de 1931, casado com Cilene Lisboa Coelho, pais de Jorge Neto, Cid, João Bosco e Jacqueline; Maria Salete Coelho, nascida em 11 de abril de 1933, casada com Amaro Moraes da Silva, já falecido, pais de Manoel, Rita de Cássia, Verônica Inês e Valéria Márcia; e Domingos Sávio da Silveira, nascido em 13 de novembro de 1953, que foi casado com Maria Alice Ferreira da Silva, pais de Paula Frassinetti, Anne Karina e Juliana Veruska. Sua esposa Nadir Judith da Silveira faleceu no dia dois de setembro de 1992.
Deixou também uma irmã, Quitéria Coelho da Silveira, nascida a dois de setembro de 1912 que casou aos 18 anos com José Mateus Silveira Tabosa no dia 21 de janeiro de 1931. José Mateus e Quitéria tiveram um filho chamado José Haldson Coelho Tabosa, casado com Sônia Tabosa. Quitéria faleceu no dia 11 de novembro de 1971.
Dr. Jorge Coelho era um homem, acima de tudo, muito religioso e amigo de todos que o conheciam. Como profissional, deixou uma lacuna enorme, por sua maneira gentil, seu desprendimento e atenção que dispensava aos pacientes. Nenhum obstáculo o impedia de prestar o devido socorro, quando solicitado. Atendia na chuva, no sol, de dia, de noite, sempre com o mesmo carinho, paciência e sem distinção de classe social ou categoria de vida. Para atender e medicar algum doente utilizava-se de qualquer meio de transporte: a cavalo, de trolley e até a pé.
Sua partida prematura deixou um vazio no cenário político estadual, pois estava apenas iniciando sua carreira política na Assembleia Legislativa e, na comunidade de Amaraji, uma grande saudade pelo excelente profissional que era e pela extraordinária pessoa humana que sempre demonstrou ser.
A Prefeitura e Câmara Municipal prestaram homenagem ao grande médico e prefeito do município, denominando a principal praça da cidade com o seu nome. Anteriormente, era chamada de Barão de Lucena. Lá também foi colocada uma estátua do grande benfeitor.