segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

14 - Só Danço Se Eu For a Mestra, Exigiu a Borboleta

E a pequena Aline atravessou todo aquele ano realizando suas atividades normais de criança e estudante do primário. Brincadeiras com as amigas, tarefas escolares, orações na igreja e toda aquela rotina que a vida da província oferecia. Parecia monótona, mas era divertida e cheia de novidades.
E no final do ano foi convidada pelas senhoras que organizavam o pastoril católico para fazer parte do tradicional festejo natalino. O personagem da “borboleta” estava destinado para ela por conta de seu perfil: pequena, desenvolta e com uma voz maviosa. Uma borboleta perfeita. Mas essa não era sua idéia. Desde mais nova, ela sempre torceu pelo “encarnado” e seu sonho era ser a mestra que se apresentava na frente do cordão e, para espanto de todos que organizavam a reunião do pastoril, bateu o pé e foi embora quando lhe disseram que ela ia se apresentar de asinhas. Leiam o restante no final da página.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

13 - Usinas de Amaraji no Início do Século XX

Amaraji, no início do século XX, possuía uma vasta extensão territorial. Fazia parte do município, os territórios de Cortês, Primavera e o distrito de Aripibu que pertence a Ribeirão. O município contava ainda com 61 engenhos bangüês que fabricavam açúcar e aguardente. Entre 1888 a 1953, chegou a possuir sete usinas: Aripibu, Bamburral, Bosque, Cabeça de Negro, Bonfim, Pedroza e Liberato Marques.

ARIPIBU - Em 1888, a usina realizou sua primeira moagem. O distrito de Aripibu pertencia, na época, ao município de Amaraji. A indústria foi fundada por Leocádio Alves Pontual, casado com Ana Joaquina dos Santos e, pelo falecimento desta, com Maria Amélia de Lima Mattos.
Com a morte de Leocádio Pontual, foi formada a firma Pontual & Cia., que continuou como propriedade dos seus descendentes até ser comprada pelos irmãos Mário e Armando de Queiroz Monteiro. A empresa, em 1929, possuía nove propriedades agrícolas e inúmeros fornecedores. A indústria tinha capacidade de processar 400 toneladas e fabricar 3.000 litros de álcool em 22 horas de funcionamento. Tinha uma ferrovia de 60 km, cinco locomotivas e 125 vagões com capacidade para três toneladas, cada. A fábrica funcionava com seis caldeiras e 300 operários trabalhavam na usina. Possuía uma grande vila operária e mantinha uma escola com freqüência média anual de 40 alunos. Aripibu foi desmembrada de Amaraji pelo decreto-lei estadual nº 235 de 9 de dezembro de 1938, passando a pertencer ao município de Ribeirão. Entre 1964 e 1965 foi anexada à usina Cucaú e transformada na pecuária CAPRI - Companhia Agropecuária de Ribeirão, onde são criadas vacas leiteiras, cavalos manga larga e onde existe um campo para cultura experimental de variedades de cana.

BAMBURRAL - Localizada no município de Amaraji, a usina se localizava a 7 km de distância da estação de trem de Aripibu e a 70, de Recife. Foi fundada em 1889 por José Pereira de Araújo, coronel da guarda nacional, por uma concessão doada em 1888. José Pereira de Araújo veio residir no engenho Bamburral, propriedade de seu pai, também chamado de José Pereira de Araújo. Ele reformou o engenho, instalando um maquinário moderno.
A propriedade compreendia nove engenhos, dos quais os mais importantes eram Bamburral e Paraíso. A usina dispunha de 32 quilômetros de linhas férreas, com 60 centímetros de bitola, de 120 carros de quatro toneladas cada um e três locomotivas. A sua rede férrea fazia conexão com a da usina Frexeiras, a qual se estende até a estação de Frexeiras, na estrada de ferro Great Western. A capacidade da Usina era de 280 toneladas de açúcar por dia de trabalho de 22 horas empregando cerca de 300 operários. O maquinismo era de origem francesa e compreendia, além de outras máquinas, 4 caldeiras, 18 turbinas e 2 moendas. No ano de 1920, a usina passou a pertencer ao Dr. Davino dos Santos Pontual Júnior. Em seguida, ficou para os seus herdeiros. Em 1933, absorveu a usina Cabeça de Negro que também pertencia ao mesmo dono, Dr. Davino Pontual e, por último, passou para as mãos do Sr. João Pinto Lapa que a repassou para Dr. José Lopes de Siqueira Santos, proprietário da usina Caxangá. Em 1949, suas moendas definitivamente desativadas.

BOSQUE - Fundada no engenho do mesmo nome, no município de Amaraji, entre os anos 1885 e 1890. Seu fundador foi José Manuel dos Santos Pontual e seu filho, na época formando a empresa Dr. M. Pontual & Cia. A indústria era do tipo meio aparelho e sua capacidade era de 20.000 toneladas por safra.
Diziam que o senhor Manuel Pontual era tão econômico a ponto de prejudicar o bom andamento da usina, especialmente na época de moagem. Seus funcionários comentavam que ele não comprava material de manutenção, como chave de boca e outros utensílios, obrigando os mecânicos da usina a andarem com os bolsos cheios de barbantes e pedaços de borracha para tapar vazamentos nos canos de água e de caldo. Para retirar porcas dos parafusos que precisavam ser removidas nos reparos cotidianos das ferragens, os mecânicos precisavam conduzir no cinto um martelo e um escopo. Suas atividades encerradas em 1917 quando foi fundida à usina Frexeiras formado o grupo Dias, Pontual e Barros. No ano de seu encerramento a previsão de sua moagem para o ano seguinte era de 20.000 toneladas.

CABEÇA DE NEGRO - Em 1888, José Manoel dos Santos Pontual e seu filho João Manoel dos Santos Pontual Júnior fundaram a usina Cabeça de Negro que inaugurou seu parque industrial naquele ano moendo pela primeira vez. Estava localizada no centro da melhor zona açucareira do estado de Pernambuco, compreendida nos municípios de Amaraji e Escada.

 A usina, com capacidade para moer 220 toneladas e fabricar 2400 litros de álcool em 22 horas de atividade. Tinha dois engenhos próprios e recebia cana de três de fornecedores. A indústria tinha uma caldeira e mantinha uma via férrea de 20 km, utilizada por duas locomotivas e 80 vagões. Na fábrica trabalhavam 50 operários. No início da década de 1900, a usina passou a pertencer a seu sobrinho Dr. Davino dos Santos Pontual Júnior, bacharel em direito e influente político da época. Foi eleito deputado constituinte e, posteriormente, senador do Senado Estadual. Foi um grande defensor da classe canavieira. Com a morte de Dr. Davino Pontual em 1933, a usina foi desativada e as propriedades foram absorvidas pela usina Bamburral, que tempos depois, pertenceu ao Dr. João Pinto Lapa. Em seguida foi vendida ao Dr. José Lopes de Siqueira Santos e absorvida pela usina Caxangá.

UNIÃO E INDÚSTRIA - Em 1895, ela iniciou suas atividades. Situada no município de Escada, foi fundada em pelo major da Guarda Nacional Manoel Antônio dos Santos Dias, proprietário da Usina Santa Philonila, no engenho Jundiá. Primeiramente recebeu o nome de Santa Philonila; depois Bom Fim; Santos Dias e por fim União e Indústria. Até o início do século vinte pertenceu ao mesmo dono, passando então para a propriedade de Luiz Dubeux.  
Em 1929, tendo como proprietária a Companhia Agrícola União Industrial de Pernambuco, possuía capacidade para processar 500 toneladas de cana e fabricar 8.000 litros de álcool em 22 horas. Tinha 112 quilômetros de ferrovia, sete locomotivas e 118 vagões que se comunicavam com a Great Western. Na época da moagem, trabalhava na fábrica cerca de 213 operários somente na fabricação do açúcar. Para o operariado, ela mantinha uma farmácia e duas escolas com freqüência média anual de 90 alunos. Em 1961, ela foi comprada pelo engenheiro e industrial Luiz Dias Lins, neto do major Santos, e comandou a empresa até 1980, quando a usina passou a ser União e Indústria S/A. Finalmente, passou a ser comandada por Ilvo Monteiro Soares de Meirelles e sua esposa, Maria Carolina Bezerra de Meirelles, seus diretores executivos. A União e Indústria S/A com mais de cem anos de fundação passou por períodos de grandes dificuldades, porém depois de várias reformas conseguiu chegar a uma produção de 90.000 sacos de açúcar e 7.300.000 litros de álcool em 1995
A usina União e Indústria pertenceu a Amaraji até o ano de 1907, quando o coronel Santos Dias, seu proprietário, que também era prefeito de Escada, conseguiu que ela passasse a pertencer ao município de Escada.

PEDROZA - Suas atividades foram iniciadas em 1891. Localizada no, então, distrito de Cortês que pertencia a Amaraji, foi fundada por três genros e um filho do coronel Manoel Gomes da Cunha Pedroza, o Barão de Bonito: João de Siqueira Barbosa Arcoverde, Suiterbo Barbosa de Siqueira Arcoverde, José Belarmino Pereira de Melo e Antônio Parízio da Cunha Pedroza. Eles receberam uma concessão para construir a usina no engenho Flor da Ilha.
O nome da usina é uma homenagem ao coronel Manoel Gomes da Cunha Pedroza, que havia recebido o título de Barão de Bonito quatro anos antes da sua construção. Era a época da decadência dos engenhos bangüês que fabricavam açúcar bruto e aguardente e foram sendo substituídos pelas usinas que passaram a fabricar o açúcar cristal e o álcool.
Para administrar a usina foi criada a firma Arcoverde, Pereira e Parízio. A empresa funcionou bem até a morte do Barão de Bonito e o desligamento dos sócios João Siqueira Barbosa Arcoverde e Suiterbo Siqueira Barbosa Arcoverde em 1901. A usina ficou sob a gerência de José Piauhylino que a conduziu até o seu falecimento em 1906. Em 1910, a usina foi vendida para o coronel Arthur de Siqueira Cavalcanti e seu sócio Antônio Minervino de Moura Soares. O coronel Arthur de Siqueira Cavalcante foi o fundador da usina Caxangá em 1894 e era pai de Carlos de Lima Cavalcante que foi interventor federal do Estado. Em 1917, Antônio Minervino vendeu a sua parte, ficando o coronel Arthur Siqueira Cavalcanti como único proprietário até a sua morte aos 54 anos, em 1918. De 1918 a 1965 a usina foi dirigida por seus filhos e genros.  Em 1929, a usina possuía um grande número de propriedades agrícolas, com capacidade de produção de 70.000 toneladas de cana. Tinha uma via férrea de 34 quilômetros, cinco locomotivas e 110 carros e vagões. Possuía capacidade para processar 500 toneladas de cana e fabricar 4.000 litros de álcool e 22 horas de funcionamento. Na época da moagem trabalhavam na fábrica cerca de 200 operários. Nos anos de 1945 a 1955, havia na usina o Cine Pedroza, composto por 230 cadeiras, exibindo filmes às quartas-feiras e domingos. Nos filmes de Carlitos e do Gordo e o Magro o cinema ficava lotado. Em 1965, a usina foi vendida a um grupo composto por Severino Barbosa de Farias, seu filho Antônio Farias, Torquato de Castro, José Cordeiro de Castro, Leonardo do Monte, Rubem Monte e Aluízio Freire. Os novos donos acabaram com as estradas de ferro e locomotivas (transformados em ferro-velho), compraram tratores e caminhões e iniciaram a construção de estradas de rodagem. Com a morte do seu pai Severino Farias e o desligamento da empresa dos outros sócios, Antônio Farias passou a ser o único proprietário da usina, na qual fez grandes transformações tornando-a mais moderna. Substituiu todo o maquinário, construiu uma destilaria de álcool (25.000 litros/dia), silos e comprou propriedades.  De 1965 a 1982 a Usina Pedroza dobrou sua capacidade produção de cana e passou de 200.000 sacos de açúcar para 500.000. Em 1982, Antônio Farias tendo que administrar duas destilarias no Rio Grande do Norte, a usina Pedroza e um mandato de deputado federal por Pernambuco, passou a responsabilidade administrativa da usina para seu filho Eduardo Farias, que, juntamente com sua mãe Geralda Farias, são os atuais proprietários e administradores da usina Pedroza.

LIBERATO MARQUES - Localizada no município de Amaraji, teve sua fundação iniciada em 1921, pelo Dr. Liberato José Marques, filho do Coronel Liberato José Marques, engenheiro e proprietário dos engenhos Palmares, Bom Conselho, Riacho de Pedra, Prata e Vila Acioly. O Dr. Liberato Marques foi ajudado neste empreendimento pelo seu grande amigo e benfeitor, o senhor Henrique Marques de Holanda Cavalcanti, o Barão de Suassuna, que lhe forneceu algum maquinário e emprestou dinheiro para construção de sua usina. Porém, os débitos e as constantes crises das usinas de açúcar fizeram com que esta tivesse vida muito curta, moendo apenas duas safras. Ela foi desativada entre 1927-1928 antes da criação do IAA.