sábado, 9 de junho de 2012

Dr. Jorge Coelho da Silveira - Prefeitos de Amaraji (3)

Jorge Coelho da Silveira nasceu no dia 9 de junho de 1908 no povoado de Pedra Branca, hoje pertencente ao município de Primavera. Filho de José Osório Coelho da Silveira, nascido em 20 de janeiro de 1850 e falecido em 24 de maio de 1928 e de Deolinda Teresa de Jesus (Loló), nascida em 15 de outubro de 1875 e falecida em 20 de junho de 1962. Era neto, pelo lado paterno, de Manoel Coelho da Silveira e Maria José do Espírito Santo e, pelo lado materno, de Laurentino Coelho da Silveira e Antônia Maria da Conceição.
 
Ele foi batizado pelo vigário Padre Jerônimo Higino Rodrigues de Assunção, no oratório privado da casa de residência de seu pai no Povoado de Pedra Branca, sendo seu padrinho Vicente Coelho da Silveira, morador da propriedade Prata. Foi registrado no dia 1º de março de 1909 no cartório de registro civil da Vila de Amaraji e foram testemunhas: Joaquim Manuel Silveira e Antônio José Pereira. José Sancho da Silveira, o escrivão ad-hoc que fez o assento de seu registro no livro foi, durante muitos anos, o escrivão do cartório Amaraji e, vinte um anos depois, tornou-se sogro de Jorge Coelho.

Ainda criança, foi estudar no seminário de Olinda. Deixou o seminário e foi para Natal, no Rio Grande do Norte, fazer o curso científico, ficando hospedado na residência do monsenhor José Alves Ferreira Ladim que havia sido vigário de Amaraji no período de 1912 a 1915. Em 1930, foi exercer a profissão de professor da seção masculina do Grupo Escolar da Usina União e Indústria, conhecida como Bonfim. Em 1936 ingressou na Faculdade de Medicina no Recife. Foi aluno laureado na turma de 1941 e recebeu o diploma no teatro Santa Isabel, no dia 6 de dezembro de 1941. Nesse período, trabalhava na Usina São João da Várzea em Recife, e, depois, como funcionário do Instituto de Previdência do Estado de Pernambuco – IPSEP.

Depois de formado, foi exercer a profissão de médico na Usina Caxangá em Ribeirão.

Em 1942, transferiu-se para a usina Trapiche, no município de Sirinhaém, em substituição ao médico Pedro Buarque que fora convocado para servir o exército. No dia 20 de novembro de 1943, através do ato 1561, publicado no Diário Oficial do Estado de 21.11.1943, foi nomeado pelo interventor federal de Pernambuco, Agamenon Magalhães, prefeito do município de Sirinhaém, onde executou a maior administração já realizada naquela cidade. No dia 21 de setembro de 1946, solicitou do mesmo interventor federal no Estado, sua exoneração do cargo de prefeito daquela cidade. Naquele mesmo ano, transferiu-se para Recife, onde foi trabalhar como médico chefe da pediatria do Hospital Centenário.

Em 1947, ele candidatou-se a prefeito de sua cidade natal, Amaraji, e nas eleições de 26 de outubro daquele obteve uma vitória esmagadora sobre o concorrente. No dia 15 de novembro de 1947 tomou posse como prefeito.

Juntamente com ele foram eleitos os seguintes vereadores: Álvaro Antunes Correia, Antônio Bernardo Cavalcanti, Ademar Orlando Figueiredo, José Otacílio Correia de Assunção, José Rufino de Brito, Felisberto Pessoa de Oliveira e Vitorino do Carmo Leitão.

Uma curiosidade da campanha eleitoral. Dr. Jorge do Partido Social Democrata - PSD, disputava a prefeitura com Francisco Xavier, da União Democrática Nacional - UDN. Este era apoiado pela usina União e Indústria e pelos fornecedores e cana. Dr. Jorge e o seu grupo eram chamados de “mocotó” e Chico Xavier, de “guará”. Por onde Dr. Jorge caminhava era sempre seguido por um grupo de correligionários, daí serem chamados de “mocotó”. Os correligionários de Chico Xavier, usineiro e plantadores, eram chamados de “guará” por conta do lobo guará que costumava fazer estragos  no canavial. E nos comícios, ouviam-se os gritos de “guará”, “guará”, ou “mocotó”, “mocotó”. Era uma maneira de ofender o adversário.

Durante aquele período exerceu também a profissão de médico na usina Pedroza. Entre as obras que se destacaram na sua primeira administração estão: a colocação de meio fio em quase todas as ruas da cidade. Construiu a capela de Santo Amaro que foi inaugurada em 1949. Edificou o prédio da Rádio Educadora a Voz de Amaraji, local destinado a festas e eventos culturais. Construiu também as casinhas da Vila São Vicente, destinadas a idosos carentes e sem família, bem como o prédio de dois andares que pertence à Sociedade Beneficente São José do Amaraji.  Abriu a Avenida José Osório até o prédio da estação. Em setembro de 1949 foi iniciada a construção da usina hidrelétrica que passaria a fornecer energia à cidade. Sua obra mais importante foi, sem dúvida, a abertura da rodovia que liga Amaraji à BR-101, passando pela usina União Indústria.

Movimentou a vida social da cidade promovendo teatros, bailes e eventos como o programa Amaraji de Outrora, onde as pessoas percorriam a cidade à luz de tochas, cantando e ouvindo narrações de fatos curiosos e folclóricos do município. O Amaraji de Outrora acontecia sempre em noites de lua cheia.

Realizou uma grande administração em Amaraji, recebendo por tudo que fez o título honroso de “Restaurador do Município”. Sua gestão durou até 15 de novembro de 1951, quando Sebastião Gomes de Andrade eleito no último pleito, tomou posse.

Em 1953, no mês de junho, começou a funcionar o posto de higiene estadual da cidade. A unidade sanitária muito bem instalada dispunha de equipamentos médico-cirúrgico para todos os casos de emergência. Dr. Jorge Coelho da Silveira foi designado médico-chefe da unidade. Ele veio transferido da cidade de Agrestina, aonde vinha exercendo idêntica função no posto de higiene daquela cidade.

Em 1954, no dia 02 de outubro, o Diário Oficial do Estado publicou a inscrição de Dr. Jorge Coelho da Silveira como candidato a deputado estadual pelo Partido Trabalhista Brasileiro - PTB. Na eleição realizada em três de outubro de 1953 ele ficou na suplência e, por várias vezes, assumiu como suplente de deputado estadual na Assembléia Legislativa.

No dia 19 de março de 1959 foi designado pelo governador do estado para exercer a função de chefe do posto de higiene de Amaraji.

Candidatando-se mais uma vez a prefeito de Amaraji venceu o pleito. No dia 15 de novembro de 1955, foi empossado pela segunda vez no cargo de prefeito de sua terra. Um fato interessante sobre sua posse. O então prefeito Sebastião Gomes fazia oposição ferrenha a Dr. Jorge Coelho de modo que, em seu último dia de gestão, renunciou ao mandato e passou a prefeitura para o vice-prefeito, Manoel Sales Coelho, que transmitiu o cargo ao novo prefeito eleito.

Naquela gestão foram eleitos os seguintes vereadores: Miguel Cavalcanti Sotero, José Teófilo Sobrinho, João Gonçalves de Medeiros, Luiz Gonzaga da Silva, Aristeu Correia da Silva, Albérico Batista dos Anjos, Áureo Bezerra, José Olegário Alves, Manoel Bernardo Cavalcanti.

Jorge Coelho foi casado com Nadir Judith da Silveira, nascida no dia 23 de novembro de 1913, filha de José Sancho da Silveira e Judith da Silveira. A cerimônia do casamento religioso realizou-se no dia 25 de junho de 1929, ele com 21 e ela com 16 anos de idade, num oratório privado da cidade, celebrado pelo vigário da paróquia, padre Paulo Hermógenes. Foram testemunhas: Zeferino Coelho da Silveira e Odilon Albuquerque de Souza Melo. O casamento civil realizou-se também na mesma data. Foi na residência da noiva, à tarde, presidido por Dr. Ernesto Vieira Santos, Juiz de Direito da Comarca. Foram testemunhas: o Coronel Frederico Davino Pontual e a Srta. Quitéria Coelho da Silveira; e o Coronel Pedro Correia de Mello e sua esposa Dona Amélia Correia de Mello.

No dia 22 de junho de 1959, ele adoeceu repentinamente e foi conduzido para Recife. Faleceu no dia 23 de junho de 1959, ás 5 horas da manhã, no Hospital Jaime da Fonte em Recife, aos 51 anos de idade.

Deixou três filhos: José Osório Coelho Neto, nascido em 29 de março de 1931, casado com Cilene Lisboa Coelho, pais de Jorge Neto, Cid, João Bosco e Jacqueline; Maria Salete Coelho, nascida em 11 de abril de 1933, casada com Amaro Moraes da Silva, já falecido, pais de Manoel, Rita de Cássia, Verônica Inês e Valéria Márcia; e Domingos Sávio da Silveira, nascido em 13 de novembro de 1953, que foi casado com Maria Alice Ferreira da Silva, pais de Paula Frassinetti, Anne Karina e Juliana Veruska. Sua esposa Nadir Judith da Silveira faleceu no dia dois de setembro de 1992.

Deixou também uma irmã, Quitéria Coelho da Silveira, nascida a dois de setembro de 1912 que casou aos 18 anos com José Mateus Silveira Tabosa no dia 21 de janeiro de 1931. José Mateus e Quitéria tiveram um filho chamado José Haldson Coelho Tabosa, casado com Sônia Tabosa. Quitéria faleceu no dia 11 de novembro de 1971.

Dr. Jorge Coelho era um homem, acima de tudo, muito religioso e amigo de todos que o conheciam. Como profissional, deixou uma lacuna enorme, por sua maneira gentil, seu desprendimento e atenção que dispensava aos pacientes. Nenhum obstáculo o impedia de prestar o devido socorro, quando solicitado. Atendia na chuva, no sol, de dia, de noite, sempre com o mesmo carinho, paciência e sem distinção de classe social ou categoria de vida. Para atender e medicar algum doente utilizava-se de qualquer meio de transporte: a cavalo, de trolley e até a pé.

Sua partida prematura deixou um vazio no cenário político estadual, pois estava apenas iniciando sua carreira política na Assembleia Legislativa e, na comunidade de Amaraji, uma grande saudade pelo excelente profissional que era e pela extraordinária pessoa humana que sempre demonstrou ser.

A Prefeitura e Câmara Municipal prestaram homenagem ao grande médico e prefeito do município, denominando a principal praça da cidade com o seu nome. Anteriormente, era chamada de Barão de Lucena. Lá também foi colocada uma estátua do grande benfeitor.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Personagens Populares de Amaraji

“SEU CATOTA”

José Severino dos Santos Bento Milagroso Humberto Rufano mora nesta cidade. É figura conhecida pela sua versatilidade de serviços, que poderiam ser chamados de “utilidade pública”. Trabalha no campo, caça, pesca, conserta sombrinhas, bota água, raspa mandioca na casa de farinha, etc. e tem um apelido que ele mesmo faz questão de ser chamado: “Catota”.
Com um jeito engraçado de falar, ele explica o seu nome e apelido, “Nasci nos idos de 16, numa noite de lua cheia, do mês de março. Minha mãe me botou esse nome, José Severino dos Santos, por ser o do meu pai. Bento Milagroso, por causa do santo do dia, trazido na folhinha do almanaque, e Humberto Rufano, também por outra folhinha, que uma amiga da família trouxe. E deu esse nome todo. Quando ao apelido, veio do meu pai. Ele era baixinho, e todos o chamavam de Catota. Quando nasci me apelidaram logo de Catotinha. Fui crescendo e herdei o apelido do velho. Não me incomodo com o nome. É tradição de família.
Catota nunca aprendeu a ler. Quando menino, o seu pai comprou uma carta de ABC. Na mesma época, sua mãe adoeceu e morreu. Ele, desgostoso, colocou a cartilha no fundo de uma mala e esqueceu. Anos depois foi procurar e as baratas tinham roído tudo. “Hoje em dia – diz ele – me arrependo. Só conheço o A, porque parece com um cambito. O “O” lembra o fundo de uma xícara, e vai por aí.
As pessoas mais chegadas (aproximadas) lêem os jornais para ele. As novidades como a conquista espacial, vida humana em tudo de ensaio, divórcio, anticoncepcionais, guerras, deixam Catota preocupado. Ele se resume a dizer: “Tá tudo virado no mundo”.
“Nunca me casei, mas tenho cinco filhos e não sei por onde eles andam”. E continua: “Minha mulher fugiu com outro homem, depois ela largou ele. Também não sei onde está”. A partir daí, Catota não arranjou mulher nenhuma. Quer dizer, para viver junto. Nem namorar ele quis porque “a sua mulher lhe botou sal na moleira”, quer dizer, deu-lhe uma lição.
A sua saúde é boa. Só esteve doente uma vez e “do forgo” (asma). Ficou bom graças a Deus, em primeiro lugar, e ao Dr. Victor, um médico boliviano que morou em Amaraji.
Esse negócio de aposentadoria é moleza. A Bíblia diz que o homem deve trabalhar e ganhar o pão com o suor de seu rosto. Ele acrescenta, e ao talento do braço. Catota está muito satisfeito com a vida que leva. Todos em Amaraji gostam dele. No dia em que foi entrevistado pelo DP, chovia muito, e ele confessou que ia passar a noite na praça, porque na sua casa, ou tapera, como diz ele, estava com goteiras e a chuva molhava tudo. Ficando na praça, tinha chance de se abrigar no coreto ou em uma casa qualquer. A minha tapera é boa em noite de lua. Fico espiando as estrelas deitado na minha cama.

DIÁRIO DE PERNAMBUCO – 30 de maio de 1974
(Arquivos da Jornalista Aline Cavalcanti)


domingo, 3 de junho de 2012

Amaraji na Década de 1860 - 2 Oligarquias Dominantes em Escada


Em Escada, um grupo de nove famílias inter-relacionadas dominava a oligarquia proprietária. A mais proeminente família de Escada, os Lins, descendia de João Marques de Melo e Manoela da Costa Leitão, imigrantes portugueses que chegaram ao Brasil no início do século XVIII. O filho deste patriarca, José Filipe Marques casado com Ana Rosa Lins, conseguira terras em Sirinhaém em 1812 e, dez anos depois, Henrique Marques Lins, seu filho, recebeu uma sesmaria – concessão oficial, embora ilegal à época – de uma légua quadrada de terras junto à plantação de seu pai. Em 1841, com a renda desta propriedade Henrique Lins adquiriu o engenho Conceição, em Escada, e também mais terras sobre as quais construiu o engenho Matapiruma, que começou a operar em 1842. Durante os últimos quarenta anos do século, Henrique Marques Lins agraciado com o título de Barão e depois com o de Visconde de Utinga, juntamente com seus nove filhos e noras possuía, pelo menos, 30 engenhos localizados em Escada.
Entre 1877 e 1881, Henrique Marques de Holanda Cavalcanti, seu neto, que viria a ser, posteriormente, o barão de Suassuna, construiu as modernas usinas Mameluco e Limoeirinho. Marcionilo da Silveira Lins, um de seus filhos, em 1855, inaugurou a usina de Massauassu.
Na ordem do número de plantações vinha a seguir a família Pontual, com seu filho José Manoel Júnior e vários primos e parentes por afinidade. Os Pontual possuíam 17 engenhos e um sítio em Escada; construíram as usinas Aripibu e Cabeça de Negro em 1888, e as usinas Bosque e Mussu na década de 1890. A família Santos, liderada pelos patriarcas José Rodrigues de Senna Santos e João Félix dos Santos, era proprietária de 16 engenhos, ao fim da monarquia, enquanto o clã dos Velloso da Silveira, de José Pedro Velloso da Silveira e seus fílhos, Eustáquio e Cincinato,  possuia 12 engenhos e um sítio. José Pereira de Araújo e André Dias de Araújo, mais tarde barão de Jundiá, eram proprietários de 11 plantações, tendo José Pereira construído a usina Bamburral em 1888. Manoel Antônio Dias e seus filhos José Cláudio e Manoel Antônio dos Santos Dias tinham nove engenhos; em 1889 Santos Dias construiu a usina Santa Philonila e em 1895 começou a operar com a usina Bom Fim. José Antônio Barros e Silva e seu irmão Francisco Antônio, depois barão de Pirangy, também possuíam nove engenhos. Finalmente, as famílias Alves da Silva e Siqueira Cavalcanti tinham cinco engenhos cada uma.
        Este total de 114 engenhos em nove famílias significa que cada uma possuía certo engenho durante o período, não necessariamente que foram sempre proprietários de todos, A soma, pois, compreende repetições de propriedades transferidas dentro do grupo e não exclui transferência de propriedades a agricultores estranhos à oligarquia. Além disso, muitas famílias tinham propriedades fora de Escada, que ampliava sua influência e podem ter alterado sua posição pelo total do número de propriedades. A despeito de tais reservas, entretanto, num município com aproximadamente 120 engenhos a oligarquia, indiscutivelmente, possuía a grande maioria e construiu todas as usinas modernas.
        A oligarquia açucareira de Escada protegia e ampliava seu poder mediante o controle da política local. Os cultivadores de cana dominavam os ramos administrativo e judiciário do governo local e dispunham de representação no legislativo estadual. Em 1861, na Câmara Municipal de Escada – dos sete membros – figuravam Henrique Marques Lins e seu filho Belmiro da Silveira Lins, futuro Barão de Escada. Em 1881, na Câmara Municipal – de nove vereadores – havia três homens com sete engenhos e, em 1893, o prefeito era proprietário de cinco engenhos, e cinco conselheiros, ou seus filhos, possuíam 14 engenhos.
        O delegado de polícia e seus agentes, com a assistência dos juízes, mantinham a lei e a ordem e distribuíam justiça. Em Escada, o delegado que serviu no início do decênio de 1860 era o genro de Henrique Marques Lins – Antônio Marques de Holanda Cavalcanti – assistido pelos subdelegados Francisco Antônio de Barros e Silva e João da Rocha Holanda Cavalcanti, o primeiro era genro de Henrique Marques Lins e o segundo, provavelmente, irmão do delegado. Na década de 1880, o delegado de polícia Samuel dos Santos Pontual e três subdelegados possuíam um  total de 13 engenhos de açúcar.
        Os juízes municipais e distritais de Escada, durante esses anos, não eram plantadores locais, embora ocasionalmente proviessem das famílias açucareiras dos municípios vizinhos. Na década de 1880 dois dos três substitutos de juiz municipal eram um Araújo e um Santos Pontual, que somavam 11 engenhos de açúcar. Os juízes de paz, entretanto, eram quase exclusivamente senhores de engenho. Dos 17 juízes de paz, do início do decênio de 1860, 12 eram senhores de engenho que somavam 19 plantações; no decênio de 1880, 12 dos 16 juízes de paz eram donos de engenho ou filhos destes, com o total de 18 engenhos. 
        Os batalhões da Guarda Nacional de Escada constituíam uma força adicional de controle social: esta guarda era, também, a fonte dos títulos de “coronel”, “major” e “capitão”, tão orgulhosamente usados pelos plantadores de cana. Na década de 1860, o tenente-coronel Henrique Marques Lins comandava o 24º batalhão e o tenente-coronel Manoel Gonçalves Pereira Lima, proprietário de dois engenhos, comandava o 25º batalhão. Entre os quinze capitães de companhia destes batalhões compreendiam oito proprietários de plantações de cana, com um total de 16 engenhos. Na década de 1870, todos os 16 capitães de companhia eram proprietários de engenhos de açúcar: e, na de 1880, o coronel André Dias de Araújo comandou a Guarda Nacional e o tenente-coronel Antônio dos Santos Pontual e o coronel José Pereira de Araújo comandavam batalhões.
        A nível estadual e provincial de governo os oligarcas do açúcar de Escada partilhavam Assembléia o poder com os representantes de elites semelhantes. Vários senhores de engenhos de Escada exerceram mandatos de dois anos na Assembléia Provincial, de 36 membros: João Francisco de Arruda Falcão e José Pedro Velloso da Silveira em 1851, o primeiro e Samuel dos Santos Pontual em 1961 e 1867, respectivamente, o último em 1877, Francisco Dias de Arruda Falcão em 1881 e 1883, André Dias de Araújo em 1885, Davino dos Santos Pontual em 1887. Na república, Davino dos Santos Pontual participou da Assembléia Constituinte, Luís Caldas Lins integrou o primeiro Legislativo Estadual de 1982-94, e João Alves Pontual foi eleito para o Legislativo do Estado de 1904 a 1912. Os cultivadores de cana de açúcar de outros municípios também aparecem freqüentemente nas listas de deputados provinciais e estaduais.
Autoridades da Freguesia de Escada em 1860

Juiz Municipal – Dr. Leopoldino Delfino de Abreu

Suplentes:
1º - Antônio Marques de Holanda Cavalcanti – (Eng. Barra de Matapiruma, Diamante, Taquara, Uruçu).
2º - Manuel Gonçalves Pereira Lima – (Eng. Vicente Campelo)
3º - André Dias de Araújo – (Eng. Noruega)
4º - José Rodrigues de Sena Santos – (Eng. Frexeiras, Mussu, Refresco)
5º - José Leão Pereira de Melo
6º - José Pereira de Araújo – (Eng. Ajudante, Cosme, Maravilha, Viola)

Juízes de Paz:

Primeiro Distrito:
1º - Manuel Olímpio de Barros Costa
2º - José Sancho Bezerra Cavalcanti – Eng. Alegria e Criméia
3º - Manuel da Silva Caldas
4º - Romão Pópulo de Andrade Lima

Segundo Distrito:
1º - Manoel Antônio dos Santos Dias – Eng. Jundiá, Jundiá-Mirim, Recreio e Serra Nova
2º - Emílio Cavalcanti Lins
3º - Manoel Rodrigues da Silva Carneiro – Eng. Dois Braços de Cima e Dois Braços do Meio
4º - Antônio Joaquim Alves Barros

Terceiro Distrito:
1º - Leocádio Alves Pontual
2º - Fábio Veloso Freire
3º - Sérgio Higino Dias dos Santos
4º - Ernesto Gonçalves Pereira Lima

Quarto Distrito:
1º - Francisco da Rocha Pontual
2º - Manuel Barbosa de Farias
3º - Florentino José de Melo
4º - Bernardino Olindino da S. Lisboa

Delegado: Antônio Marques de Holanda Cavalcanti

Suplentes:
1º - Francisco Antônio de Barros e Silva
2º - Salvador dos Santos Martins Cavalcanti
3º - Roque Ferreira da Costa
4º - Cândido José Marques de Miranda

Sub-delegado do 1º distrito: José da Rocha Holanda Cavalcanti

Suplentes:
1º - Manoel da Rocha Lins – Cap. Da Guarda Nacional
2º - Maurício Veloso da Silveira Cavalcanti
3º - Joaquim Cavalcanti Ribeiro de Lacerda – Tenente da Guarda Nacional
4º - Manoel Rodrigues da Silva Câmara
5º - Idelfonso Manoel Guedes dos Santos – Capitão da Guarda Nacional
6º - Tomás Rodrigues Pereira

Sub-delegado do 2º distrito: Francisco Antônio de Barros e Silva

Suplentes:
1º - Belarmino Veloso da Silveira Lins – Capitão Da Guarda Nacional
2º - Teodoro da Silva Lins
3º - Ageu Duarte Veloso Freire – Tenente da Guarda Nacional
4º - José Leão Pereira de Melo
5º - Francisco Veloso da Silveira
6º - Antônio Gomes de Barros e Silva – Tenente da Guarda Nacional