sexta-feira, 20 de julho de 2012

Comendador José Pereira de Araújo

José Pereira de Araújo nasceu no ano de 1833. Era filho de José Pereira de Araújo e Maria Francisca de Araújo. Félix Pereira de Araújo e Antônia Alves de Araújo, a baronesa de Amaraji, eram seus irmãos. José Pereira de Araújo, seu pai, juntamente com outros membros do clã dos Araújo, eram proprietários de onze propriedades na freguesia de Nossa Senhora de Escada, entre eles, os engenhos Garra e Bamburral.
        Em 1865, ele foi residir no engenho Bamburral, passando a administrar as propriedades herdadas de seu pai. Naquela época era major da Guarda Nacional Imperial. Ele, juntamente com outros senhores de engenho do 4º Distrito de Paz de Escada, área onde hoje estão localizadas as cidades de Amaraji, Primavera e o distrito de Aripibu foram os responsáveis pelo documento que solicitou do Conselho Municipal o alvará para funcionamento de uma feira semanal em terras do engenho Garra, local onde já começava a surgir um pequeno povoado. As primeiras construções da cidade foram erguidas no trecho entre a praça que leva o seu nome e o prédio onde funcionava a estação do trem, ou seja, na atual Rua 23 de Julho.
        Nos primeiros tempos de existência o povoado foi chamado de Cambão Torto, mas por sugestão do Major José Pereira o lugarejo passou a chamar-se São José da Boa Esperança. Sendo ele uma pessoa muito religiosa, tratou logo de liderar um movimento para construção de uma pequena capela dedicada a São José. A capela era localizada no local onde hoje existe o Fórum municipal. Além de ser o principal fundador do município de Amaraji, era também um de seus maiores benfeitores.
        Ele tinha um grande prestígio e influência na região. O barão de Amaraji era seu cunhado, o barão de Contendas, casado com uma de suas sobrinhas e seu irmão Félix Pereira de Araújo, casado com Sincleta Lins de Araújo, membro do clã dos Lins de Escada que eram proprietários de 32 engenhos na região.
        Foi militante do partido liberal no tempo do império e do partido autonomista no regime republicano.
        Na campanha da Guerra do Paraguai, ele organizou vários batalhões de voluntários para lutar junto ao exercito brasileiro naquele país. Como forma de gratidão pelos serviços prestados ao país, em 1875 ele foi condecorado pelo Imperador Pedro II com a “Imperial Ordem da Rosa” no grau de comendador.
        Em 1988 reformou o engenho Bamburral e fundou usina, instalando, então, um maquinário moderno.
        No dia 11 de novembro de 1890, quando foi instalada a primeira Intendência do novo município de Amaraji, ele estava presente juntamente com os outros líderes políticos da região, tais como, Antônio dos Santos Pontual, o barão de Frexeiras que presidiu a solenidade, Dr. Davino dos Santos Pontual, deputado constituinte, Manoel Barbosa de Farias e Dr. Antônio Epaminondas de Barros Correia, o barão de Contendas, que foi nomeado pelo governador como primeiro Intendente do novo município. O cargo de intendente era equivalente ao de prefeito na época.
        Na primeira eleição para prefeito realizada no município em outubro de 1891, ele recebeu 232 votos para o cargo de conselheiro municipal, sendo o mais votado dos candidatos. O prefeito eleito foi o Capitão Francisco da Rocha Pontual e o subprefeito, o Major Manoel da Rocha Ferraz de Azevedo.
        Exerceu por muito tempo a presidência da Sociedade Auxiliadora de Agricultura de Pernambuco, fazendo parte também por muitos anos do Sindicato Agrícola do Estado de Pernambuco.
        Após o movimento de 1911, foi eleito senador do congresso do Estado, tendo ocupado a presidência do Senado no período de 1915 a 1919, cargo que desempenhou com grande espírito de moderação. Já com a idade avançada, afastou-se definitivamente das atividades políticas.
        José Pereira de Araújo foi casado em primeiras núpcias com Joana Barbosa de Araújo. Dessa união eles tiveram quatro filhos: Maria Ernestina Monteiro, viúva do Dr. Paulo Monteiro; José Pereira de Araújo Filho, agricultor na cidade de Escada, casado com Maria Carolina; Hercília de Araújo Bezerra Cavalcanti, casada com José Rufino Bezerra Cavalcanti, governador do Estado de Pernambuco; Júlia Pereira de Araújo, casada com Dr. Júlio Pereira de Araújo, filho do barão e da baronesa de Amaraji e Dr. Paulo Pereira de Araújo, casado com Maria Araújo. Casou-se pela segunda vez com Maria Antônia de Miranda Araújo, com quem teve os seguintes filhos: Irene Araújo de Barros Correia, casada com Dr. Melânio de Barros Correia, escrivão do Tribunal de Justiça do Estado; Major Rubens Pereira de Araújo, industriário no Cabo de Santo Agostinho, casado com Regina Pimentel de Araújo; e Dr. Agenor de Miranda Araújo, na época prefeito de Amaraji e deputado estadual, casado com Maria José Rangel de Araújo. Ele deixou 11 netos e 20 bisnetos.
        Ele era uma pessoa muito estimada na sociedade pernambucana. Tinha grande prestígio também os plantadores de cana sendo considerado um grande líder da classe. Era uma pessoa muito generosa, afeita a pratica do bem. Suas virtudes particulares faziam dele um chefe de família exemplar e sua honradez inatacável se impunha sobre todos. Na vida pública exercitou a prática da mais austera moral social e política.
        O comendador morreu aos 87 anos de idade, no dia 20 de julho de 1920 às 3:00 h, em sua residência à Rua da Imeratriz, nº 14, 1º andar, em Recife. Ele foi sepultado no cemitério de Santo Amaro em Recife no jazigo da irmandade do Santíssimo Sacramento da Boa Vista da qual era irmão benfeitor. O Governador do Estado, membros do senado, da câmara de deputados, do judiciário e de todos os setores da sociedade pernambucana participaram do ato.
        Em Amaraji houve uma missa de sétimo dia muito concorrida. Autoridades do município e da capital se fizeram presentes. Foi realizada também uma sessão cívica em homenagem ao fundador e benfeitor do município.
        Na época, o tabelião e correspondente dos jornais da capital em Amaraji, Major Eduardo de Carvalho, encabeçou um movimento para que fosse erigida uma estátua do comendador numa das praças da cidade. A estátua seria esculpida pelo artista Bibiano Silva, entretanto, o projeto não chegou a ser concretizado. Tempos depois, a praça onde se localiza o coreto que em Amaraji é chamado de “pavilhão” recebeu o seu nome.
            Quem sabe algum filho da terra resolve amadurecer a idéia do Major Eduardo de Carvalho e reiniciar um movimento para que a estátua seja feita e colocada na praça que leva o seu nome. O comendador merece e a memória da cidade agradece.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Álvaro Soares de Melo - Prefeitos de Amaraji (4)


Álvaro Soares de Melo nasceu no dia 29 de setembro de 1929 no distrito de Mandacaru que pertence ao município de Gravatá. Era filho de Jorge Soares de Melo e Rosa Soares de Melo. Além de Álvaro, o casal teve os seguintes filhos: José Soares Monteiro, Lenira Soares de Melo e Luiz Gonzaga de Melo.
Na segunda metade da década de 1940, seu pai, Jorge Soares, mudou-se de Mandacaru para Amaraji e Álvaro veio junto com ele. Trabalharam com Seu Manoel Miguel, que era proprietário de uma vacaria na área localizada nas proximidades do matadouro municipal. Além da vacaria, Seu Manoel Miguel negociava com compra e venda de gado. Pai e filho fizeram algumas economias e Álvaro adquiriu uma pequena mercearia, na época, chamada de bodega.
No dia quatro de abril de 1951, foi nomeado pelo Governador para exercer, interinamente, o cargo de Oficial de Justiça e Porteiro dos Auditórios da comarca de Amaraji, em virtude do falecimento do titular do cargo Luiz Gonzaga Fontes. Continuou no cargo até sua aposentadoria.
Em 1953, na época da campanha para construção do Abrigo e Escola de Menores de Amaraji (atual prédio do centro Clara Vida) Álvaro Melo e a professora Elvira Sotero Fontes foram os dois maiores suportes no trabalho do juiz da comarca, Dr. José Sirone de Vasconcelos, o idealizador do projeto, percorrendo os vários recantos do município em campanha para angariar donativos para a construção do prédio e inauguração de suas instalações. O abrigo destinava-se a atender menores carentes, órfãos, ou meninos de rua, em regime de internato, proporcionando-lhes educação primária e ensino de algum ofício para que eles fossem inseridos no mercado de trabalho da cidade.
Sua primeira participação na vida política do município ocorreu em setembro de 1950, quando começou a fazer parte do diretório municipal do partido político União Democrática Nacional – UDN.
Em setembro de 1969 ela fez parte do diretório municipal da Aliança Renovadora Nacional – ARENA, juntamente com Albérico Batista dos Anjos, José Teófilo Sobrinho, José Gomes da Silva e outros líderes da comunidade.
No dia 9 de junho de 1972, o Diário Oficial do Estado publicou a composição do diretório do Partido da Aliança Renovadora Nacional – ARENA da 31ª zona eleitoral de Amaraji. Os membros do diretório foram: Albérico Batista dos Anjos, José Teófilo Sobrinho, Áureo Bezerra, Luiz Vieira de Andrade, Severino Barbosa da Silva, Rômulo Barbosa Ferraz, José Gomes da Silva Amaro Graciano da Silveira e Álvaro Soares de Melo, entre outros.
Em 1972, no dia 15 de novembro, realizaram-se eleições para prefeito e vereadores do município. Candidataram-se a prefeito: José Teófilo Sobrinho, pela Arena 1 (1.188 votos); Álvaro Soares de Melo, pela Arena 2 (671 votos) e Albérico Batista dos Anjos, pela Arena 3 (517 votos). Álvaro Melo obteve a segunda colocação. O prefeito eleito, José Teófilo Sobrinho e seu vice, Luiz Vieira de Andrade, tomaram posse no dia 31 de janeiro de 1973 para administrar o município até 31 de janeiro de 1977.
Em fevereiro de 1982, filiou-se ao Partido Democrático Social – PDS do município. Licenciou-se das funções de oficial de justiça com a intenção de candidatar-se a prefeito. As eleições realizaram-se no dia 15 de novembro de 1982. O pleito foi disputado por Álvaro Melo, pelo PDS, por José Teófilo Sobrinho e por José Osório Coelho da Silveira Neto (Dr. Deda). Álvaro venceu as eleições e, juntamente com o vice Gilberto Benigno de Barros, foi empossado para administrar o município no período de 31 de janeiro de 1983 a 1º de janeiro de 1989. A Câmara Municipal ficou composta dos seguintes vereadores: José Mário Moraes da Silva, Amaro Eugênio da Silva, Mário Silveira, Amadeu Cordeiro, entre outros. 
Sua primeira aparição pública na qualidade de prefeito recém-eleito foi no dia nove de janeiro de 1983 quando da inauguração da pavimentação asfáltica da PE-63, rodovia que faz a ligação entre a cidade de Amaraji e a BR-101 em terras do Engenho Conceição em Escada. Presentes à solenidade o governador José Ramos, o senador Marco Maciel, o governador eleito Roberto Magalhães e outras autoridades, além do prefeito Albérico Batista dos Anjos e vereadores da gestão que estava no final do mandato.
Ele foi o primeiro prefeito, em toda a história do município, a implantar calçamento em toda a cidade, fazendo desaparecer os antigos e tradicionais buracos que predominavam nas ruas. Nos primeiros 24 meses de governo, calçou as seguintes artérias: avenidas José Osório e Santo Amaro e as ruas Major Eduardo de Carvalho, Belizário Pena, Antônio Bernardo Cavalcanti, Aguinaldo Correia, Victor José Alves, 23 de Julho, São Vicente de Paulo, 19 de Março, João Alexandre da Silva, Agamenon Magalhães, Godofredo de Figueiredo, 1ª e 2ª Travessas Samuel Coelho, ruas do bairro da Conceição, parte da Rua 15 de Novembro, totalizando, só nessas áreas, mais de 10.270 metros quadrados. No bairro de Nossa Senhora da Conceição foi calçada uma área de 6.170 metros quadrados. Construiu e recuperou praças, dotando todas de arborização e jardins. Paralelamente, saneou um total de 1.140 metros, empregando tubos de cimento.
Vale também destacar as ações voltadas para o setor educacional, com a construção de mais de nove unidades escolares na zona rural, com uma, duas, três e até quatro salas de aula cada uma, totalizando 19 salas de aula além de uma creche comunitária que atendia 120 crianças. Na área da educação, sua maior aquisição foi a compra de um moderno ônibus escolar para transporte de estudantes universitários que freqüentavam a Faculdade de Formação de Professores da Mata Sul de Palmares – FAMASUL.
Em 1983 chegou à cidade, a Operação ACISO - Ação Cívico-Social do Exército, um conjunto de ações cujo objetivo era promover uma integração entre as Forças Armadas e a sociedade, além de ser uma ação de cunho social que visava beneficiar a população local.  Da Operação participaram médicos militares e equipe de apoio.
No dia 22 de setembro de 1983 ele assinou convênio com o Projeto Mandacaru. Com recursos da municipalidade e algumas verbas daquele Projeto, construiu um moderno centro de administração municipal, que substituiu o antigo e quase centenário prédio da prefeitura, um terminal rodoviário, o prédio da cadeia pública, recuperou o açougue e o mercado público. Edificou 81 casas populares, em
alvenaria, no bairro de Nossa Senhora da Conceição. Adquiriu ainda uma ambulância, uma unidade odonto-médica móvel e um carro caçamba. Construiu também o moderno prédio do fórum municipal, uma unidade mista de saúde e o prédio da biblioteca na área mais central e histórica da cidade.
Adquiriu oito hectares de terras para permitir a construção de casas residenciais o que sempre pareceu impossível para administrações anteriores.
A obra mais lembrada por todos os moradores foi a construção do Clube Municipal dos Tamarindos, a realização do sonho de muitas gerações. O clube foi inaugurado no dia 23 de julho de 1986, data em que o município completou 118 anos de existência, com um baile animado pela orquestra de Ivanildo do Sax de Ouro. O grande maestro e músico Ivanildo José da Silva é natural da zona rural de Amaraji.
Em sua gestão, o velho Cine-Teatro deixou de funcionar, o prédio passou por grandes modificações, dando lugar à agência do Banco do Brasil S.A. que foi inaugurada no dia 15 de fevereiro de 1984.
No dia 1º de março de 1991 o Diário Oficial do Estado publicou sua promoção por tempo de serviço ele foi transferido para Recife.
        Nas eleições de três de outubro de 1992 ele disputou mais um pleito eleitoral para prefeito. Os outros candidatos foram Adailton Antônio de Oliveira e José Mário de Andrade, Adailton de Oliveira saiu vencedor e, juntamente com seu vice, Severino Fabrício, tomaram posse no dia 1º de janeiro de 1993.
        Em 2000, na eleição majoritária municipal do dia 1º de outubro, Jânio Gouveia da Silva candidatou-se pelo PPS, tendo como seu vice, Álvaro Melo. Eles disputaram a eleição com Adailton Antônio de Oliveira candidato do PFL. Jânio e Álvaro foram eleitos com 6.103 votos. Jânio iria exercer seu segundo mandato e os dois tomaram posse no dia 1º de janeiro de 2001. Os vereadores leitos foram: Antônio Inácio de Brito, Maria Bernadete Cabral de Brito, Antônio Carlos Agostinho, Jaceilda Gouveia da Silva, Irmão Orlando, Marreta, Amaro Vieira de Melo Filho, Rildo Reis Gouveia e Amaro Moraes dos Santos.
Desavenças políticas, intrigas e mesmices outras, formam o corriqueiro no palco das campanhas eleitorais interioranas. Álvaro Melo, porém com diplomacia e bom sendo procurou sempre manter um bom relacionamento com todos os setores da comunidade: a classe política, a câmara municipal, as diversas denominações evangélicas, o comércio e as poucas indústrias locais. Nas pequenas cidades brasileiras a paz sempre prevalece, apenas no período da política, alguns se desentendem e os ânimos de aceleram. Mas como já disse o “poeta”:
“Tempo de eleições, o ambiente esquenta,
Xingando se briga e a gente lamenta.
Mas logo tudo passa, com derrota ou vitória,
Os rivais se abraçam e prossegue a história”.

Álvaro Melo foi, durante muitos anos, um esteio na educação do município.  Sempre fazendo parte do setor local da Campanha Nacional de Escolas da Comunidade – CNEG, entidade mantenedora do então Ginásio São José da Boa Esperança fundado em 1959.  Épocas houve em que o salário de professores e funcionários chegou a atrasar até oito meses. Mas ele, juntamente com o Diretor Israel Agostinho Santiago, Vanildo Benigno de Barros, Júlio Ludgero Bezerra, Manoel Veloso da Silva, a secretária Amara Ramos Barreto e, durante um bom tempo, o promotor Luís Rodolfo Rangel Moreira, procuraram sempre contornar a situação de uma maneira satisfatória de modo que o Ginásio sempre se manteve firme, solidário e de portas abertas para atender o alunado da comunidade local, da zona urbana ou rural, bem como da vizinha cidade de Primavera e da Usina União e Indústria. Ele também participou de várias formaturas de concluintes do Colégio São José, seja como paraninfo ou padrinho.
Foi um grande incentivador da cultura no município. No início da década de 1950 ele inaugurou o “Cine Operário” que funcionava nas instalações do antigo Salão Paroquial, na época em que o vigário da paróquia era o Padre José Leão Lanfermann. Tempos depois, o Cine Operário encerrou suas atividades, foi quando ele arrendou o prédio do Cine-Teatro Amaraji que passou a ser o único cinema da cidade. Na época, o rádio e o cinema eram as maiores diversões de todas as cidades do interior. O prédio do cinema, além de projetar filmes nos finais de semana, era também o palco de apresentações teatrais, folclóricas, reuniões políticas, formaturas, carnavais, festejos juninos e outros bailes e eventos organizados pela comunidade. No prédio do cinema ele mantinha um serviço de som que transmitia para a cidade. À tarde ou à noite ele transmitia sua programação, com músicas de sucesso, avisos, seus comentários, suas críticas e crônicas. Aquele serviço de som anunciava de tudo, era uma espécie de porta voz oficial da cidade. Avisos de reuniões, aniversários, festas, óbitos e, naturalmente, a programação cinematográfica de cada final de semana. E, nas programações vespertinas e noturnas, ele sempre se referia a Amaraji como: “A Princesa dos Canaviais”. A programação do serviço de som do Cine-Teatro Amaraji tinha o patrocínio exclusivo da Padaria Redenção, uma panificadora e mercearia de sua propriedade, cujo slogan era: “Padaria Redenção, aquela que fabrica o pãozinho do seu tamanho”. O nome Redenção originou-se de uma telenovela da extinta Rede Tupy de Televisão. A história da novela retratava uma cidadezinha muito parecida com Amaraji daquela época: as novidades, os boatos, os recém-chegados à cidade, etc. A telenovela ficou conhecida por ter sido a mais longa da dramatologia brasileira.
Grande também foi seu apoio à comunidade católica do município. Nas campanhas para pintura ou recuperação da matriz de São José, nas festas do santo padroeiro ou em outros eventos religiosos, organizados pela paróquia, ele estava sempre presente prestando todo tipo de suporte. Lembro-me da chegada do Padre Joel Salgado Amorim, novo vigário da paróquia, em fevereiro de 1984. Padre Joel foi apresentado pelo Padre Geraldo Leite Bastos de Escada e, na solenidade, ele foi saudado pelo prefeito Álvaro Melo, em nome dos paroquianos.
Um fato desconhecido de muitos da vida de Álvaro Melo. Na década de 1960 sua família passava um mês de férias na praia de Gaibu. Ele retornava de Gaibu, quando na BR-101, no trecho entre Escada e a entrada da estrada antiga da vila de Frexeiras ele se deparou com um jeep quebrado no acostamento. No jeep, um cidadão de meia idade e seu motorista tentavam fazer o motor funcionar. Álvaro desceu de seu carro e procurou ajudar. Não dando resultado, tomou seu carro e foi até a vila de Frexeiras em busca de um mecânico. Leva o profissional até a BR e permanece no local até o jeep ser consertado. O proprietário do jeep fica muito agradecido e quer gratificar Álvaro que, delicadamente, recusa. Ele espera o jeep partir e prossegue sua viagem para Amaraji levando o mecânico de volta para Frexeiras.
Álvaro era amigo e compadre do Sr. Raul Araújo que também veraneava em Gaibu. Na semana seguinte, de volta a Gaibu, Álvaro encontra-se com seu compadre Raul, que, por coincidência era amigo do proprietário do jeep quebrado. O Sr. Raul comentou com ele que o dono do jeep, Sr. Fábio da Silveira Barros, também veranista daquela praia, queria se encontrar com ele para agradecer. O encontro é promovido, o Sr. Fabinho, como era conhecido, entregou a Álvaro um peixe “cavala” de alguns quilos e se apresentou melhor agradecendo mais uma vez. Ele era o dono da Usina Frei Caneca e naquele jeep quebrado estava um malote cheio de dinheiro destinado ao pagamento semanal dos fornecedores de cana e dos operários daquela usina.
Álvaro Melo foi casado com Maria José Cavalcanti de Melo (Dona Zeza), nascida no dia 22 de fevereiro de 1927, filha de Marcionilo Bernardo Cavalcanti e Beatriz Lopes Cavalcanti. O casamento realizou-se no dia 24 de junho de 1952 na Igreja Matriz de São José em Amaraji. Eles foram pais de: Paulo Roberto, Álvaro Filho (Dunga), Antônio Fernando, Maria do Socorro, Maria das Graças, Maria Auxiliadora (Dora), Maria de Jesus (Cita), Ana Maria e José Eugênio. Álvaro e Zeza são também avós de dezessete netos: Roberta, Beatriz, Natália, Rafaelly, Karolyne, Brunna, Rayssa, Daniela, Vitória, Mariana, Kalil, Mariozinho, Marcelo, Dalmo, Vandinho, Bruno e Bento.
Ele faleceu no dia 18 de junho de 2012 no Hospital dos Servidores do Estado. Seu corpo foi velado no hall do Centro Administrativo Municipal de Amaraji e, de lá, transladado para a Matriz de São José, onde recebeu as merecidas homenagens de muitas pessoas residentes no município, assim como outras que se deslocaram da capital e de municípios vizinhos, para prestar o último adeus ao grande líder político da região. Apesar do tempo chuvoso, centenas de pessoas acompanharam o cortejo fúnebre até o cemitério da cidade.
O prefeito do município decretou luto oficial durante três dias e ponto facultativo no data do sepultamento. Sua família foi homenageada também pela Assembléia Legislativa de Pernambuco com um Voto de Profundo Pesar requerido pelo Deputado Aglailson Júnior.
Ele foi um gestor que, em apenas quatro anos de administração, realizou, com muita competência, ações que serão lembradas por todos durante anos, executando também um número de obras tão expressivas que, em décadas, ainda poderão ser vistas e fotografadas.
Em janeiro de 2005, depois de exercer seu último mandato como vice-prefeito do município, afastou-se dos meios políticos, encerrou suas atividades comerciais e passou a viver junto a seus familiares, na mesma casa que sempre viveu, no aconchego da família, dos filhos e netos.
        Álvaro Melo por sua honradez, integridade e honestidade, seja na qualidade de cidadão, seja como homem público, certamente, vai ser sempre lembrado e admirado pelos amarajienses da atualidade, por seus descendentes e pelas gerações futuras.