sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

16 - O Início da Igreja Católica em Amaraji

Segundo a tradição católica de Amaraji, a primeira capela da cidade foi edificada por iniciativa do Comendador José Pereira de Araújo. Ele era filho de José Pereira de Araújo e de Maria Francisca de Araújo. Era também irmão de Antônia Alves de Araújo, baronesa de Amaraji. José Pereira pertencia à Guarda Nacional, era proprietário de vários engenhos, entre outros, o Garra, Bamburral e Paraíso. Foi casado, em primeiras núpcias com Joana Barbosa da Silva e, pelo falecimento desta, com Maria Antônia de Miranda Araújo. Em 1875, ele foi agraciado com a Comenda da Rosa pelo imperador Pedro II.
Naquela época, batizados e casamentos eram realizados nas capelas dos engenhos e nos oratórios das residências. A única matriz existente era a de Nossa Senhora da Apresentação de Escada, localizada naquela freguesia. No Quarto Distrito da Paz de Escada, área onde surgiria a vila de São José da Boa Esperança havia capelas nos engenhos Cabeça de Negro, Aripibu, Animoso e Amaraji. Todas as casas grandes dos engenhos e de famílias mais abastadas possuíam seus oratórios privados.
A capelinha, dedicada a São José da Boa Esperança, foi edificada por trás da Escola Dom Luiz de Brito, aproximadamente, na área onde se localiza o Fórum Desembargador José Sirone Vasconcelos.
De acordo com os registros nos Livros de Batizados da Freguesia de Escada, o primeiro batizado realizado na nova capela foi de um menino chamado “Francisco” no dia 15 de janeiro de 1872, quando da visita do padre Manoel de Barros Pereira, coadjutor do Vigário Pedroza. Vale observar que na época, quase quatro anos após o Conselho Municipal da Freguesia de Escada haver concedido o alvará para funcionamento da feira semanal no povoado, o local ainda era considerado um engenho, conforme os assentos feitos no livro. Eis a transcrição do texto do citado livro:
        “Aos quinze de Janeiro de mil oitocentos e setenta e dois, na Capela do Engenho São José da Boa Esperança, o Rvmo. Padre Manoel Barros Pereira, de minha licença, batizou solenemente a Francisco, branco, de idade de dois meses, filho legítimo de Felisbino Bezerra da Silva e Maria Thereza de Jesus. Foram Padrinhos Pedro Alexandre de Lima e Nicasia Maria da Conceição. E para constar, fiz escrever este assento e assinei.”
                                      Vigº. Francisco Raimundo da Costa Pedroza
O responsável pelas capelas da freguesia era o vigário de Escada, padre Francisco Raimundo da Cunha Pedrosa. Com ele, trabalhavam vários outros padres chamados de coadjutores. Estes se deslocavam até as capelas dos engenhos e os oratórios privados para desenvolver atividades católicas, como: celebração de missas, batizados, casamentos, e a catequização em geral. A capela de São José da Boa Esperança foi a primeira que foi edificada para a comunidade do novo povoado. As visitas às diversas capelas eram periódicas, e, quando isso acontecia, muitos batizados e casamentos eram realizados.
Os primeiros religiosos a dar assistência religiosa aos moradores da vila de São José da Boa Esperança foram os padres Manoel Barros Pereira e Herculano Marques da Silva.
Ainda segundo a tradição, em data não registrada, a pequena capela teve seu telhado desmoronado por conta de uma touceira de gravatá que nasceu sobre ele.
No mês de março de 1879, chegou ao povoado de São José, o missionário capuchinho Frei Venâncio Maria de Ferrara, de origem italiana, para realizar as Santas Missões.
Frei Venâncio, um homem de grandes virtudes e dedicação ao trabalho missionário era conhecido por sua atuação nos povoados por onde passava. Sempre deixava uma capela, um cemitério ou um açude construído. Entre suas obras maiores, está a construção da basílica de Nossa Senhora da Penha em Recife. Ele exerceu suas atividades missionários desde o Rio Grande do Norte até à Bahia.
Na vila de São José da Boa Esperança, ele fez uma campanha que movimentou toda a comunidade católica local e, no espaço de 20 dias, estava pronta a base e os alicerces para elevação das paredes de uma nova igreja localizada onde existe a atual matriz. Os moradores deram prosseguimento e concluíram a construção do novo templo. 
Na década de 1930, foi iniciada uma grande reforma e ampliação da pequena igreja e entre 1936-37 a nova matriz de São José foi inaugurada.

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

15 - Francisco da Rocha Pontual - Prefeitos de Amaraji (2)

Francisco da Rocha Pontual nasceu no ano de 1845. Era filho de João Manuel Alves Pontual e Teresa da Silva Vieira da Rocha. Era irmão de Antônio dos Santos Pontual, barão de Frexeiras, e de Bernardino de Sena Pontual, barão de Petrolina. O senador do Senado Estadual, Davino dos Santos Pontual, Júnior era seu sobrinho. Durante muito tempo desempenhou a função de Juiz de Paz do Quarto Distrito da Paz da Freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Escada, área onde atualmente se localiza a cidade de Amaraji. Pertenceu também à guarda nacional republicana. Era coronel-comandante do 87ª batalhão de infantaria.
No período da instalação do município, 11 de novembro de 1890, ele continuou exercendo a função de Juiz de Paz, auxiliado pelo escrivão José Timóteo Pereira de Bastos. O primeiro casamento realizado no novo município, na época, chamado de São José do Amaraji, foi o de João Antônio Marques e Rosa Maria da Conceição. O noivo era filho de Antônio Inocêncio Marques e a noiva, de João Francisco da Silva e Vicência Maria. As testemunhas do casamento foram Manoel Vieira de Melo e Damião Vieira de Melo do engenho Amora. O casamento foi realizado no dia primeiro de novembro de 1980. Além de oficiar os casamentos com efeito civil, o juiz de paz assinava os registros de nascimento dos moradores da localidade sempre assessorado pelo escrivão e com a presença de testemunhas
Em 1902, foi nomeado pelo presidente da república para o cargo de 2º Juiz da Paz de Amaraji.
Francisco Pontual era proprietário dos engenhos Animoso e Guloso e grande produtor de cana da região. Um de seus irmãos, João Manoel dos Santos Pontual fundou as usinas Bosque e Cabeça de Negro. O outro, Leocádio dos Santos Pontual, a usina Aripibu.
 Quando o município de Amaraji emancipou-se de Escada, ele foi eleito prefeito da cidade na primeira eleição municipal que foi realizada em 1893. Tomou posse em 1894 substituindo o Coronel Rocha Ferraz que havia sido nomeado. Seu subprefeito foi o Coronel José Barbosa da Silva Nunes, fundador e proprietário do engenho Não Pensei. Os membros do conselho municipal eleitos foram: o coronel Liberato José Marques, presidente, Dr. Davino dos Santos Pontual Júnior, o comendador José Pereira de Araújo, Artur de Siqueira Cavalcanti, Manuel Brayner, Etelmino de Almeida Bastos.
Foi casado com Anna Gonçalves Pereira Lima e tiveram nove filhos: José da Rocha Pontual, casado com Eulália Izabel Vieira de Souza; Anna da Rocha Lima Pontual, casada com Bernardino de Sena Pontual Jr.; Francisco da Rocha Pontual Jr., casado com Lauriana Concionilia Gonçalves Lins e Silva; Antônio da Rocha Pontual, casado com Thereza Christina de Albuquerque; Manoel da Rocha Pontual, casado com Izabel Pereira de Mello; Adelina Lima Pontual, casada com João Ferreira de Barros e Silva e Thereza Lima Rocha Pontual, casada com Carlos da Silva Regadas.
Ele morreu no dia 25 de dezembro de 1895, aos 61 anos de idade, em sua casa do engenho Guloso. Foi sepultado na capela da Usina Cabeça de Negro.