Segundo
a tradição católica de Amaraji, a primeira capela da cidade foi edificada por
iniciativa do Comendador José Pereira de Araújo. Ele era filho de José Pereira
de Araújo e de Maria Francisca de Araújo. Era também irmão de Antônia Alves de
Araújo, baronesa de Amaraji. José Pereira pertencia à Guarda Nacional, era
proprietário de vários engenhos, entre outros, o Garra, Bamburral e Paraíso.
Foi casado, em primeiras núpcias com Joana Barbosa da Silva e, pelo falecimento
desta, com Maria Antônia de Miranda Araújo. Em 1875, ele foi agraciado com a
Comenda da Rosa pelo imperador Pedro II.
Naquela
época, batizados e casamentos eram realizados nas capelas dos engenhos e nos
oratórios das residências. A única matriz existente era a de Nossa Senhora da
Apresentação de Escada, localizada naquela freguesia. No Quarto Distrito da Paz
de Escada, área onde surgiria a vila de São José da Boa Esperança havia capelas
nos engenhos Cabeça de Negro, Aripibu, Animoso e Amaraji. Todas as casas
grandes dos engenhos e de famílias mais abastadas possuíam seus oratórios
privados.
A
capelinha, dedicada a São José da Boa Esperança, foi edificada por trás da
Escola Dom Luiz de Brito, aproximadamente, na área onde se localiza o Fórum
Desembargador José Sirone Vasconcelos.
De
acordo com os registros nos Livros de Batizados da Freguesia de Escada, o
primeiro batizado realizado na nova capela foi de um menino chamado “Francisco”
no dia 15 de janeiro de 1872, quando da visita do padre Manoel de Barros
Pereira, coadjutor do Vigário Pedroza. Vale observar que na época, quase quatro
anos após o Conselho Municipal da Freguesia de Escada haver concedido o alvará
para funcionamento da feira semanal no povoado, o local ainda era considerado um
engenho, conforme os assentos feitos no livro. Eis a transcrição do texto do
citado livro:
“Aos
quinze de Janeiro de mil oitocentos e setenta e dois, na Capela do Engenho São
José da Boa Esperança, o Rvmo. Padre Manoel Barros Pereira, de minha licença, batizou
solenemente a Francisco, branco, de idade de dois meses, filho legítimo de
Felisbino Bezerra da Silva e Maria Thereza de Jesus. Foram Padrinhos Pedro
Alexandre de Lima e Nicasia Maria da Conceição. E para constar, fiz escrever
este assento e assinei.”
Vigº. Francisco Raimundo da Costa Pedroza
O
responsável pelas capelas da freguesia era o vigário de Escada, padre Francisco
Raimundo da Cunha Pedrosa. Com ele, trabalhavam vários outros padres chamados
de coadjutores. Estes se deslocavam até as capelas dos engenhos e os oratórios
privados para desenvolver atividades católicas, como: celebração de missas, batizados,
casamentos, e a catequização em geral. A capela de São José da Boa Esperança
foi a primeira que foi edificada para a comunidade do novo povoado. As visitas
às diversas capelas eram periódicas, e, quando isso acontecia, muitos batizados
e casamentos eram realizados.
Os
primeiros religiosos a dar assistência religiosa aos moradores da vila de São
José da Boa Esperança foram os padres Manoel Barros Pereira e Herculano Marques
da Silva.
Ainda
segundo a tradição, em data não registrada, a pequena capela teve seu telhado
desmoronado por conta de uma touceira de gravatá que nasceu sobre ele.
No
mês de março de 1879, chegou ao povoado de São José, o missionário capuchinho
Frei Venâncio Maria de Ferrara, de origem italiana, para realizar as Santas
Missões.
Frei
Venâncio, um homem de grandes virtudes e dedicação ao trabalho missionário era
conhecido por sua atuação nos povoados por onde passava. Sempre deixava uma
capela, um cemitério ou um açude construído. Entre suas obras maiores, está a
construção da basílica de Nossa Senhora da Penha em Recife. Ele exerceu suas atividades
missionários desde o Rio Grande do Norte até à Bahia.
Na
vila de São José da Boa Esperança, ele fez uma campanha que movimentou toda a
comunidade católica local e, no espaço de 20 dias, estava pronta a base e os
alicerces para elevação das paredes de uma nova igreja localizada onde existe a
atual matriz. Os moradores deram prosseguimento e concluíram a construção do
novo templo.
Na
década de 1930, foi iniciada uma grande reforma e ampliação da pequena igreja e
entre 1936-37 a nova matriz de São José foi inaugurada.
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirNão sei se é pra ri ou chorar. Nessa época o Brasil era movido a trabalho escravo. Esse comendador José Pereira de Araújo, dono de vários engenhos, também era dono de muitos escravos. É com a construção de igrejas que o povo troca o saber pelo faz de contas, não evolui, não aprende e não entende. Foi sempre assim.
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