sábado, 22 de fevereiro de 2014

Prefeitos de Amaraji - Albérico Batista dos Anjos

Albérico Batista dos Anjos nasceu no dia 20 de janeiro de 1923 em Amaraji. Filho de Modesto Batista dos Anjos e Maria Alice Batista. Seus avós paternos eram Miguel Batista dos Anjos e Maria Batista de Barros e, pelo lado materno, Manuel Victor da Silva Hermenegildo e Ursulina Olímpia da Silva. Modesto Batista e Alice Victor que se casaram no dia quatro de maio de 1911, tiveram os seguintes filhos: Hibrainha, José Gilberto (Zezito), Albérico (Beca), Maria Alice (Alicinha), Maria Teresa (Mariú), Nivaldo José e Murilo, que faleceu criança. Albérico foi batizado pelo padre José Lamartine Correia no dia 1º de janeiro de 1924. Seus padrinhos foram Hercílio Victor da Silva e Maria Angelina da Silva.
No início da década de 1940 Albérico transferiu-se para a cidade de Correntes no sertão do estado para exercer a profissão de prático de farmácia no estabelecimento comercial de seu tio Hercílio Victor. Retornou para Amaraji no final daquela década e foi desempenhar o mesmo trabalho na farmácia Santa Terezinha que pertencia ao Dr. Luís Bandeira de Melo, um médico que, além da farmácia, mantinha um consultório particular na cidade e era envolvido com a política local.
Naquele mesmo período ingressou na política participando do diretório municipal do partido UDN - União Democrática Nacional. Nas eleições majoritárias de 1950, candidatou-se a vereador e foi eleito obtendo uma votação de 116 votos. Sua bancada, um grupo de três vereadores, fazia oposição ao prefeito eleito, Sebastião Gomes de Andrade, filiado ao PSD - Partido Social Democrata.
Nas eleições de 1954, candidatou-se mais uma vez a vereador, dessa pelo PR- Partido Republicano e foi reeleito com 106 votos. O prefeito eleito foi o Dr. Jorge Coelho da Silveira.
Em 1958, Dr. Plínio Alves de Araújo foi eleito prefeito pela UDN e Albérico Batista foi o seu vice-prefeito.
Em 1950, Dr. Bandeira de Melo encerrou suas atividades no consultório e mudou-se para Recife. Albérico adquiriu a farmácia Santa Terezinha, iniciando, então, sua carreira de comerciante no ramo de farmácia.
Em 1959 foi fundado na cidade, o Ginásio São José da Boa Esperança que funcionava à noite nas instalações do Grupo Escolar Dom Luiz de Brito. Albérico Batista inscreveu-se e foi concluinte da primeira turma do ginásio em 1963.
Nas eleições municipais de 1961 ele candidatou-se a prefeito numa coligação de três partidos: o Partido Social Democrático, Partido Trabalhista Brasileiro e Partido Socialista Brasileiro. O pleito foi disputado com Áureo Bezerra, proprietário do Engenho Sete Ranchos, candidato na coligação da União Democrática Nacional e Partido Trabalhista Nacional. Albérico Batista obteve 1094 votos e Áureo Bezerra, 911. Seu vice-prefeito foi Sebastião Lopes da Costa. Para a câmara municipal foram eleitos: Amaro Moraes da Silva, José Borba Alves, José Teófilo Sobrinho, Severino Barbosa da Silva, Gumercindo Medeiros, José Otávio Filho, Amaro Graciano da Silveira, Antônio da Mota Silveira e Luiz Gonzaga da Silva. Ele teve o apoio do então governador Miguel Arraes de Alencar. Governou o município por um período de seis anos. Em 1964, houve o golpe e o governo militar aumentou o período de gestão dos prefeitos da época de quatro para seis anos.
Na época os recursos destinados aos municípios não eram tão amplos como atualmente. A prefeitura contava apenas com as remessas do Fundo de Participação dos Municípios. Mesmo assim, ele conseguiu trazer para a cidade a energia da CHESF que foi inaugurada no dia 10 de agosto de 1964.
A construção de galerias para escoamento das águas em toda a área central da cidade e o calçamento das praças Dr. Jorge Coelho da Silveira, Comendador José Pereira de Araújo e de ruas centrais da cidade foram feitos importantes de seu primeiro governo.
Implantou também um serviço de abastecimento de água trazida de uma fonte do sítio Camarão, pertencente ao proprietário rural Gerson Jefferson Barbosa. De início colocou uma torneira na esquina da rua Dr. Mário Domingues com a Rocha Pontual. As pessoas enchiam seus vasilhames de transportavam para casa. O encarregado do controle de distribuição da água era Seu José Goiana. Algum tempo depois, ele construiu um reservatório no alto do cruzeiro e, de lá, a água era distribuída para a cidade.
Programou e executou uma grande comemoração pela passagem dos 100 anos de fundação do município. A data foi comemorada na primeira semana de setembro. Assessorado pele secretaria Neide Lins, Dr. Plínio Araújo, funcionários da prefeitura e um grupo de pessoas da comunidade, uma série de eventos foi organizada. Exposição na Rádio Educadora, um grande desfile escolar com a participação da Filarmônica Quatro de Outubro, da Banda Marcial de Ipojuca, Banda do Colégio São José, de uma representação do Colégio Nossa Senhora da Escada, do Grupo Dom Luiz de Brito e das escolas municipais.
Em sua primeira gestão, ocorreu o golpe militar de 1964 e os mandatos dos prefeitos foram estendidos de quatro para seis anos. Ele governou a cidade de 1964 a 1969, sendo sucedido pelo prefeito José Gomes da Silva.
Ao deixar a Prefeitura transferiu-se para Recife onde gerenciou uma farmácia de um primo. Seus amigos e correligionários, porém, já preparavam o caminho para sua participação num segundo mandato, o que ocorreu nas eleições de 1975.
Ele participou daquele pleito filiado ao partido da ARENA 2 e disputou com quatro candidatos: Álvaro Soares de Melo, ARENA 1; José Régis da Silva, MDB 1; José Cícero, MDB 2 e José Teixeira de Araújo, MDB 3. Saiu vitorioso e, juntamente com seu vice-prefeito, Severino Fabrício da Silva, obteve 1674 votos do eleitorado. Em 1975 a Câmara Municipal ficou composta dos vereadores: Josefa da Silva Fabrício, José Vicente Ferreira, Severino Barbosa da Silva, Amadeu Cordeiro da Silva, Sebastião Agostinho Ferreira, Manoel Fabrício da Silva e Gilberto Benigno de Barros.
Nesta segunda administração do município, podemos destacar o trabalho realizado na melhoria da educação. Com a criação do Programa de Desenvolvimento da Educação Rural – PRODERU, criado pela secretaria estadual de educação para atender os municípios, foram contratados vários professores habilitados para as escolas da zona rural. Os professores chamados de leigos, ou seja, aqueles que não tinham tido oportunidade de cursar o magistério, puderam participar de um curso à distância mantido pelo Centro de Treinamento de Professores do Estado de Pernambuco - CEDEPE de Nazaré da Mata, os quais após concluírem o curso pedagógico, passando a receber o salário mínimo.
A Comissão Municipal do Movimento Brasileiro de Alfabetização – MOBRAL teve uma atuação muito destacada em sua gestão. Foram expandidas as turmas de alfabetização e criadas hortas comunitárias na zona rural. Na cidade foram ofertados cursos de corte e costura, bordado, crochê e renascença. Também foi inaugurado um Posto Cultural do Mobral, dotado de uma pequena biblioteca, instrumentos musicais e um aparelho de rádio. Na época, a Mobralteca, caravana cultural do MOBRAL, visitou a cidade e promoveu uma semana de atividades para a população.
A Superintendência de Campanhas de Saúde Pública - SUCAM também teve um papel importante na gestão de Albérico Batista. Foi diagnosticado que 45% da população do município era portadora de esquistossomose. A SUCAM construiu 1.300 privadas, 200 banheiros e 40 lavanderias em áreas da periferia urbana.
Uma unidade da Fundação Serviço Especial de Saúde Pública - FSESP foi inaugurada na cidade em 1978.
No dia 11 de julho de 1981, o ministro Waldir Arcoverde, da Saúde, ao lado do governador Marco Maciel, inaugurou o serviço de abastecimento d´água que passou a beneficiar toda a cidade, uma realização da Fundação SESP.
Na mesma ocasião, foi inaugurado o sistema telefônico da cidade com a presença dos dirigentes da TELPE. A primeira ligação foi feita pelo deputado Nilson Gibson para sua mãe, dona Lourdes Gibson, no Recife. A segunda, do governador para Sra. Tereza Schertz, filha de Albérico Batista, no estado do Illinois, Estados Unidos.
Outra grande obra foi a pavimentação asfáltica da PE-63. A rodovia foi inaugurada no dia xxx de janeiro de 1982, com a presença do governador Marco Maciel e de diversas autoridades da capital e pessoas da comunidade. Essa estrada era uma aspiração de longas décadas dos moradores do munícipio.
Ainda no mesmo dia o governador Marco Maciel inaugurou o SAAE - serviço de abastecimento d´água da cidade. Este serviço passou a ser mantido e administrado pela fundação SESP.
Nessa gestão o munícipio participou mais de uma vez da Feira dos Municípios.
Albérico Batista postulou a cadeira de prefeito pela terceira vez, filiado ao PSB, tendo com o vice-prefeito Adailton Antônio de Oliveira e foi eleito no dia 13 de outubro de 1988. Disputou as eleições com Aprígio Ricardo da Silva (PT), Gilberto Benigno de Barros (PDT), José Cícero (PMDB) e Mário Araújo da Silveira (PDC).
A Câmara Municipal ficou composta dos seguintes vereadores: Amaro Eugênio da Silva (PMDB), Edinaldo Silveira de Andrade (PMDB), Genival Francisco da Silva (PSB), Jânio Gouveia da Silva (PMDB), José Mário Moraes da Silva (PSB), José Paulino Rodrigues (PTB), Mildo Bernardo Cavalcanti (PTB), Rildo Reis Gouveia (PSB) e Severino Fabrício (PMDB).
Seu secretariado ficou assim organizado: Maria Aline da Costa Gomes Cavalcanti, secretária executiva; Tânia Maria de Vasconcelos Batista, chefe de gabinete; Abiacy Lins Alves de Andrade, secretária de educação; Maria Edjane Medeiros Silva, secretária de finanças; Horácio Antônio da Silva, secretário de obras e Dr. Jorge Fernando Pinto Pereira, secretário de saúde. Após alguns meses, a secretária de educação deixou o cargo e foi substituída pela professora Denise Fontes Moraes.
Enfrentando muitas dificuldades, principalmente de ordem financeira, em decorrência da frustrada reforma tributária que não havia saído do papel, ele procurou trabalhar administrando problemas da área social em atendimento à população carente.
Eram muitas as reivindicações e, diariamente, seu gabinete vivia repleto de pessoas em busca de todo tipo de ajuda: material escolar, roupa, remédio, passagens, alimentação, emprego, etc. Na medida do possível, ninguém saia de mãos vazias.
Ele sempre defendeu a tese de desapropriação de terras no entorno da cidade para a ampliação da própria cidade e execução de projetos que viessem a beneficiar as famílias de baixa renda.
Com criatividade, dedicação, competência e controle na aplicação das verbas arrecadadas, insignificantes para a execução de obras e tantas solicitações do povo pobre e necessitado, Albérico Batista chegou ao final de seu mandato com um saldo positivo de realizações, principalmente nas áreas de educação e saúde. Acabou com o empreguismo e fez economia para investir nas áreas sociais, diante do quadro de desespero de muitas famílias que dependem do poder público para sobreviver. Durante todo esse tempo, ele lutou para não paralisar os serviços, tendo em vista a ausência de recursos federais e estaduais, sempre escassos. Com pouco dinheiro da própria prefeitura iniciou a construção de um dos maiores hospitais do interior, para acabar com o transporte de pessoas doentes a outras localidades. Conseguiu também reativar a maternidade Dr. Jorge Coelho da Silveira e construiu e inaugurou um novo matadouro da cidade.
Em seu terceiro mandato, sua equipe de governo ficou formada assim: Terezinha de Vasconcelos Batista, primeira-dama, secretária de Assistência Social; Tânia Maria de Vasconcelos Batista, oficial de Gabinete; Maria Aline Costa Cavalcanti, secretária Executiva; José Gilberto Batista, secretário de Coordenação; Nivaldo José Batista, diretor de Saúde; Horácio Antônio dos Santos, secretário de Viação e Obras Públicas; Denise Maria Sotero Fontes Moraes, secretária de Educação e Maria Edjane Medeiros da Silva, secretária de Finanças.
O setor de educação dentro do lema “Aqui o Povo Participa” teve destacada atuação. Foram feitos investimentos consideráveis nessa área, com retorno em termo de qualificação do ensino oferecido ao alunado da rede municipal. Foram ampliadas e reformadas várias unidades escolares, destacando-se a Escola Nossa Senhora de Fátima na Vila do mesmo nome, aumentando o atendimento para 300 alunos. Foram adquiridos 400 carteiras escolares, kits de material escolar, fogões e botijões de gás bem como material de reposição. Foram criadas duas novas escolas na zona rural, nos engenhos Girassol e Manhoso. Professores foram capacitados em língua portuguesa e matemática e os supervisores capacitados em recursos humanos para melhor atender a clientela.
Em relação à educação infantil, o pessoal das creches Menino Jesus e Sonho de Mamãe foram capacitados do mesmo modo.
Uma das maiores obras da gestão se Albérico Batista foi, sem dúvida, a construção do hospital municipal, um sonho antigo da comunidade que começou a ser concretizado. O hospital recebeu o nome de Alice Batista numa homenagem à genitora do prefeito.
A secretaria de Trabalho e Ação Social, dirigida pela primei-dama, também teve uma atuação de destaque. Um convênio com a L.B.A. permitiu que 800 registros de nascimento fossem pagos. A L.B.A. também colaborou com a construção de 300 provadas e banheiros e reformas em mais 100 que já estavam instaladas na periferia da cidade.
Foram implantados 2.500 m de calçamento na cidade além de bueiros em estradadas vicinais. Além disso, a secretaria de Viação e Obras Públicas realizou consertos em prédios escolares na zona rural.
Em 1992, ele criou a FUSAMA – Fundo de Proteção à Saúde e Meio Ambiente, uma organização da sociedade civil de direito privado e interesse público para combater a pobreza e a exclusão social através de estratégias de desenvolvimento sustentável focada nos princípios da viabilidade econômica com justiça social e preservação do meio ambiente. Os programas da FUSAMA são destinados à educação, saúde, organização comunitária, agroecologia e produção de justiça.
Albérico Batista casou-se com Terezinha de Vasconcelos Alves, filha de Erasmo de Vasconcelos Alves e Levina Alves no dia 30 de março de 1949. O ato do casamento civil, presidido pelo juiz Dr. Luís Regueira Carneiro da Cunha, realizou-se na residência do Sr. Victor Alves, avô da noiva. Serviram de testemunhas do casamento civil o Sr. Ildefonso de Vasconcelos Filho e sua esposa Leonila Vasconcelos residentes em Recife e o Sr. Valdecilo Oton de Melo e sua esposa Sra. Hibraina Batista de Melo residentes em Olinda. No casamento religioso, realizado na matriz de São José do Amaraji pelo padre José Maria, serviram de paraninfos o Dr. Luís Bandeira de Melo, médico da cidade e sua esposa Sra. Valdenice Bandeira de Melo e o Sr. José Rufino de Brito e Sra. Margarida Cavalcanti de Brito da sociedade local. O casal teve a seguinte descendência: Tânia de Vasconcelos Batista que foi casada com Nivaldo Gouveia da Silva; Marcos de Vasconcelos Batista, falecido, foi casado com Maria Elizabete Medeiros e Tereza de Vasconcelos Batista, casada com Randal Wayne Schertz.
“Seu Beca” era aquele ser humano de o coração tamanho-família. Por sua larga experiência e conhecimentos em farmácia e medicamentos, numa época em que a cidade só dispunha de um médico que atendia de segunda à sexta, ele atendia dezenas de pessoas em sua residência, inclusive nos finais de semana. Durante as férias escolares sua casa assemelhava-se a um grande albergue da juventude. Ele e Terezinha, sempre hospitaleiros, acolhiam de coração aberto seus sobrinhos e parentes que residiam em Recife, os quais ainda traziam amigos para passar férias na cidade.
     Na qualidade de gestor municipal em três legislaturas, realizou importantes conquistas para o município nas áreas da educação, saúde e meio ambiente. Procurou conduzir o município rumo ao desenvolvimento sustentável, sendo responsável por obras estruturadoras como estradas, saneamento, comunicação e construção do hospital municipal. Sua trajetória política foi marcada pela ética e solidariedade, destacando-se como um líder de propostas sólidas com pé no chão e visão de futuro.