Albérico Batista dos Anjos nasceu no dia 20 de
janeiro de 1923 em Amaraji. Filho de Modesto Batista dos Anjos e Maria Alice
Batista. Seus avós paternos eram Miguel Batista dos Anjos e Maria Batista de
Barros e, pelo lado materno, Manuel Victor da Silva Hermenegildo e Ursulina
Olímpia da Silva. Modesto Batista e Alice Victor que se casaram no dia quatro
de maio de 1911, tiveram os seguintes filhos: Hibrainha, José Gilberto
(Zezito), Albérico (Beca), Maria Alice (Alicinha), Maria Teresa (Mariú), Nivaldo
José e Murilo, que faleceu criança. Albérico foi batizado pelo padre José
Lamartine Correia no dia 1º de janeiro de 1924. Seus padrinhos foram Hercílio
Victor da Silva e Maria Angelina da Silva.
No início da década de 1940 Albérico transferiu-se
para a cidade de Correntes no sertão do estado para exercer a profissão de
prático de farmácia no estabelecimento comercial de seu tio Hercílio Victor.
Retornou para Amaraji no final daquela década e foi desempenhar o mesmo
trabalho na farmácia Santa Terezinha que pertencia ao Dr. Luís Bandeira de
Melo, um médico que, além da farmácia, mantinha um consultório particular na
cidade e era envolvido com a política local.
Naquele mesmo período ingressou na política
participando do diretório municipal do partido UDN - União Democrática Nacional.
Nas eleições majoritárias de 1950, candidatou-se a vereador e foi eleito obtendo
uma votação de 116 votos. Sua bancada, um grupo de três vereadores, fazia
oposição ao prefeito eleito, Sebastião Gomes de Andrade, filiado ao PSD -
Partido Social Democrata.
Nas eleições de 1954, candidatou-se mais uma vez a
vereador, dessa pelo PR- Partido Republicano e foi reeleito com 106 votos. O
prefeito eleito foi o Dr. Jorge Coelho da Silveira.
Em 1958, Dr. Plínio Alves de Araújo foi eleito prefeito
pela UDN e Albérico Batista foi o seu vice-prefeito.
Em 1950, Dr. Bandeira de Melo encerrou suas atividades
no consultório e mudou-se para Recife. Albérico adquiriu a farmácia Santa
Terezinha, iniciando, então, sua carreira de comerciante no ramo de farmácia.
Em 1959 foi fundado na cidade, o Ginásio São José
da Boa Esperança que funcionava à noite nas instalações do Grupo Escolar Dom
Luiz de Brito. Albérico Batista inscreveu-se e foi concluinte da primeira turma
do ginásio em 1963.
Nas eleições municipais de 1961 ele candidatou-se a
prefeito numa coligação de três partidos: o Partido Social Democrático, Partido
Trabalhista Brasileiro e Partido Socialista Brasileiro. O pleito foi disputado
com Áureo Bezerra, proprietário do Engenho Sete Ranchos, candidato na coligação
da União Democrática Nacional e Partido Trabalhista Nacional. Albérico Batista
obteve 1094 votos e Áureo Bezerra, 911. Seu vice-prefeito foi Sebastião Lopes
da Costa. Para a câmara municipal foram eleitos: Amaro Moraes da Silva, José
Borba Alves, José Teófilo Sobrinho, Severino Barbosa da Silva, Gumercindo
Medeiros, José Otávio Filho, Amaro Graciano da Silveira, Antônio da Mota
Silveira e Luiz Gonzaga da Silva. Ele teve o apoio do então governador Miguel
Arraes de Alencar. Governou o município por um período de seis anos. Em 1964,
houve o golpe e o governo militar aumentou o período de gestão dos prefeitos da
época de quatro para seis anos.
Na época os recursos destinados aos municípios não
eram tão amplos como atualmente. A prefeitura contava apenas com as remessas do
Fundo de Participação dos Municípios. Mesmo assim, ele conseguiu trazer para a
cidade a energia da CHESF que foi inaugurada no dia 10 de agosto de 1964.
A construção de
galerias para escoamento das águas em toda a área central da cidade e o calçamento
das praças Dr. Jorge Coelho da Silveira, Comendador José Pereira de Araújo e de
ruas centrais da cidade foram feitos importantes de seu primeiro governo.
Implantou também
um serviço de abastecimento de água trazida de uma fonte do sítio Camarão,
pertencente ao proprietário rural Gerson Jefferson Barbosa. De início colocou
uma torneira na esquina da rua Dr. Mário Domingues com a Rocha Pontual. As
pessoas enchiam seus vasilhames de transportavam para casa. O encarregado do controle
de distribuição da água era Seu José Goiana. Algum tempo depois, ele construiu um
reservatório no alto do cruzeiro e, de lá, a água era distribuída para a
cidade.
Programou e executou
uma grande comemoração pela passagem dos 100 anos de fundação do município. A
data foi comemorada na primeira semana de setembro. Assessorado pele secretaria
Neide Lins, Dr. Plínio Araújo, funcionários da prefeitura e um grupo de pessoas
da comunidade, uma série de eventos foi organizada. Exposição na Rádio Educadora,
um grande desfile escolar com a participação da Filarmônica Quatro de Outubro,
da Banda Marcial de Ipojuca, Banda do Colégio São José, de uma representação do
Colégio Nossa Senhora da Escada, do Grupo Dom Luiz de Brito e das escolas municipais.
Em sua primeira
gestão, ocorreu o golpe militar de 1964 e os mandatos dos prefeitos foram
estendidos de quatro para seis anos. Ele governou a cidade de 1964 a 1969,
sendo sucedido pelo prefeito José Gomes da Silva.
Ao deixar a Prefeitura transferiu-se para Recife
onde gerenciou uma farmácia de um primo. Seus amigos e correligionários, porém,
já preparavam o caminho para sua participação num segundo mandato, o que
ocorreu nas eleições de 1975.
Ele participou daquele pleito filiado ao partido da
ARENA 2 e disputou com quatro candidatos: Álvaro Soares de Melo, ARENA 1; José
Régis da Silva, MDB 1; José Cícero, MDB 2 e José Teixeira de Araújo, MDB 3.
Saiu vitorioso e, juntamente com seu vice-prefeito, Severino Fabrício da Silva,
obteve 1674 votos do eleitorado. Em 1975 a Câmara Municipal ficou composta dos
vereadores: Josefa da Silva Fabrício, José Vicente Ferreira, Severino Barbosa
da Silva, Amadeu Cordeiro da Silva, Sebastião Agostinho Ferreira, Manoel
Fabrício da Silva e Gilberto Benigno de Barros.
Nesta segunda administração do município, podemos
destacar o trabalho realizado na melhoria da educação. Com a criação do Programa
de Desenvolvimento da Educação Rural – PRODERU, criado pela secretaria estadual
de educação para atender os municípios, foram contratados vários professores
habilitados para as escolas da zona rural. Os professores chamados de leigos,
ou seja, aqueles que não tinham tido oportunidade de cursar o magistério,
puderam participar de um curso à distância mantido pelo Centro de Treinamento
de Professores do Estado de Pernambuco - CEDEPE de Nazaré da Mata, os quais
após concluírem o curso pedagógico, passando a receber o salário mínimo.
A Comissão Municipal do Movimento Brasileiro de
Alfabetização – MOBRAL teve uma atuação muito destacada em sua gestão. Foram
expandidas as turmas de alfabetização e criadas hortas comunitárias na zona
rural. Na cidade foram ofertados cursos de corte e costura, bordado, crochê e
renascença. Também foi inaugurado um Posto Cultural do Mobral, dotado de uma
pequena biblioteca, instrumentos musicais e um aparelho de rádio. Na época, a
Mobralteca, caravana cultural do MOBRAL, visitou a cidade e promoveu uma semana
de atividades para a população.
A Superintendência de Campanhas de Saúde Pública -
SUCAM também teve um papel importante na gestão de Albérico Batista. Foi
diagnosticado que 45% da população do município era portadora de esquistossomose.
A SUCAM construiu 1.300 privadas, 200 banheiros e 40 lavanderias em áreas da
periferia urbana.
Uma unidade da Fundação Serviço Especial de Saúde
Pública - FSESP foi inaugurada na cidade em 1978.
No dia 11 de julho de 1981, o ministro Waldir
Arcoverde, da Saúde, ao lado do governador Marco Maciel, inaugurou o serviço de
abastecimento d´água que passou a beneficiar toda a cidade, uma realização da
Fundação SESP.
Na mesma ocasião, foi inaugurado o sistema
telefônico da cidade com a presença dos dirigentes da TELPE. A primeira ligação
foi feita pelo deputado Nilson Gibson para sua mãe, dona Lourdes Gibson, no
Recife. A segunda, do governador para Sra. Tereza Schertz, filha de Albérico
Batista, no estado do Illinois, Estados Unidos.
Outra grande obra foi a pavimentação asfáltica da
PE-63. A rodovia foi inaugurada no dia xxx de janeiro de 1982, com a presença
do governador Marco Maciel e de diversas autoridades da capital e pessoas da
comunidade. Essa estrada era uma aspiração de longas décadas dos moradores do
munícipio.
Ainda no mesmo dia o governador Marco Maciel
inaugurou o SAAE - serviço de abastecimento d´água da cidade. Este serviço
passou a ser mantido e administrado pela fundação SESP.
Nessa gestão o munícipio participou mais de uma vez
da Feira dos Municípios.
Albérico Batista postulou a cadeira de prefeito
pela terceira vez, filiado ao PSB, tendo com o vice-prefeito Adailton Antônio
de Oliveira e foi eleito no dia 13 de outubro de 1988. Disputou as eleições com
Aprígio Ricardo da Silva (PT), Gilberto Benigno de Barros (PDT), José Cícero
(PMDB) e Mário Araújo da Silveira (PDC).
A
Câmara Municipal ficou composta dos seguintes vereadores: Amaro Eugênio da
Silva (PMDB), Edinaldo Silveira de Andrade (PMDB), Genival Francisco da Silva (PSB),
Jânio Gouveia da Silva (PMDB), José Mário Moraes da Silva (PSB), José Paulino
Rodrigues (PTB), Mildo Bernardo Cavalcanti (PTB), Rildo Reis Gouveia (PSB) e
Severino Fabrício (PMDB).
Seu
secretariado ficou assim organizado: Maria Aline da Costa Gomes Cavalcanti,
secretária executiva; Tânia Maria de Vasconcelos Batista, chefe de gabinete;
Abiacy Lins Alves de Andrade, secretária de educação; Maria Edjane Medeiros
Silva, secretária de finanças; Horácio Antônio da Silva, secretário de obras e
Dr. Jorge Fernando Pinto Pereira, secretário de saúde. Após alguns meses, a secretária
de educação deixou o cargo e foi substituída pela professora Denise Fontes Moraes.
Enfrentando
muitas dificuldades, principalmente de ordem financeira, em decorrência da
frustrada reforma tributária que não havia saído do papel, ele procurou
trabalhar administrando problemas da área social em atendimento à população
carente.
Eram
muitas as reivindicações e, diariamente, seu gabinete vivia repleto de pessoas
em busca de todo tipo de ajuda: material escolar, roupa, remédio, passagens,
alimentação, emprego, etc. Na medida do possível, ninguém saia de mãos vazias.
Ele
sempre defendeu a tese de desapropriação de terras no entorno da cidade para a
ampliação da própria cidade e execução de projetos que viessem a beneficiar as
famílias de baixa renda.
Com
criatividade, dedicação, competência e controle na aplicação das verbas
arrecadadas, insignificantes para a execução de obras e tantas solicitações do
povo pobre e necessitado, Albérico Batista chegou ao final de seu mandato com
um saldo positivo de realizações, principalmente nas áreas de educação e saúde.
Acabou com o empreguismo e fez economia para investir nas áreas sociais, diante
do quadro de desespero de muitas famílias que dependem do poder público para
sobreviver. Durante todo esse tempo, ele lutou para não paralisar os serviços,
tendo em vista a ausência de recursos federais e estaduais, sempre escassos.
Com pouco dinheiro da própria prefeitura iniciou a construção de um dos maiores
hospitais do interior, para acabar com o transporte de pessoas doentes a outras
localidades. Conseguiu também reativar a maternidade Dr. Jorge Coelho da
Silveira e construiu e inaugurou um novo matadouro da cidade.
Em
seu terceiro mandato, sua equipe de governo ficou formada assim: Terezinha de
Vasconcelos Batista, primeira-dama, secretária de Assistência Social; Tânia
Maria de Vasconcelos Batista, oficial de Gabinete; Maria Aline Costa
Cavalcanti, secretária Executiva; José Gilberto Batista, secretário de
Coordenação; Nivaldo José Batista, diretor de Saúde; Horácio Antônio dos
Santos, secretário de Viação e Obras Públicas; Denise Maria Sotero Fontes Moraes,
secretária de Educação e Maria Edjane Medeiros da Silva, secretária de
Finanças.
O
setor de educação dentro do lema “Aqui o Povo Participa” teve destacada
atuação. Foram feitos investimentos consideráveis nessa área, com retorno em
termo de qualificação do ensino oferecido ao alunado da rede municipal. Foram
ampliadas e reformadas várias unidades escolares, destacando-se a Escola Nossa
Senhora de Fátima na Vila do mesmo nome, aumentando o atendimento para 300
alunos. Foram adquiridos 400 carteiras escolares, kits de material escolar,
fogões e botijões de gás bem como material de reposição. Foram criadas duas
novas escolas na zona rural, nos engenhos Girassol e Manhoso. Professores foram
capacitados em língua portuguesa e matemática e os supervisores capacitados em
recursos humanos para melhor atender a clientela.
Em
relação à educação infantil, o pessoal das creches Menino Jesus e Sonho de
Mamãe foram capacitados do mesmo modo.
Uma
das maiores obras da gestão se Albérico Batista foi, sem dúvida, a construção
do hospital municipal, um sonho antigo da comunidade que começou a ser
concretizado. O hospital recebeu o nome de Alice Batista numa homenagem à
genitora do prefeito.
A
secretaria de Trabalho e Ação Social, dirigida pela primei-dama, também teve uma
atuação de destaque. Um convênio com a L.B.A. permitiu que 800 registros de
nascimento fossem pagos. A L.B.A. também colaborou com a construção de 300
provadas e banheiros e reformas em mais 100 que já estavam instaladas na
periferia da cidade.
Foram
implantados 2.500 m de calçamento na cidade além de bueiros em estradadas
vicinais. Além disso, a secretaria de Viação e Obras Públicas realizou
consertos em prédios escolares na zona rural.
Em
1992, ele criou a FUSAMA – Fundo de Proteção à Saúde e Meio Ambiente, uma
organização da sociedade civil de direito privado e interesse público para
combater a pobreza e a exclusão social através de estratégias de
desenvolvimento sustentável focada nos princípios da viabilidade econômica com
justiça social e preservação do meio ambiente. Os programas da FUSAMA são
destinados à educação, saúde, organização comunitária, agroecologia e produção
de justiça.
Albérico Batista casou-se com Terezinha de
Vasconcelos Alves, filha de Erasmo de Vasconcelos Alves e Levina Alves no dia
30 de março de 1949. O ato do casamento civil, presidido pelo juiz Dr. Luís
Regueira Carneiro da Cunha, realizou-se na residência do Sr. Victor Alves, avô
da noiva. Serviram de testemunhas do casamento civil o Sr. Ildefonso de
Vasconcelos Filho e sua esposa Leonila Vasconcelos residentes em Recife e o Sr.
Valdecilo Oton de Melo e sua esposa Sra. Hibraina Batista de Melo residentes em
Olinda. No casamento religioso, realizado na matriz de São José do Amaraji pelo
padre José Maria, serviram de paraninfos o Dr. Luís Bandeira de Melo, médico da
cidade e sua esposa Sra. Valdenice Bandeira de Melo e o Sr. José Rufino de
Brito e Sra. Margarida Cavalcanti de Brito da sociedade local. O casal teve a
seguinte descendência: Tânia de Vasconcelos Batista que foi casada com Nivaldo
Gouveia da Silva; Marcos de Vasconcelos Batista, falecido, foi casado com Maria
Elizabete Medeiros e Tereza de Vasconcelos Batista, casada com Randal Wayne
Schertz.
“Seu Beca” era aquele ser humano de o coração
tamanho-família. Por sua larga experiência e conhecimentos em farmácia e
medicamentos, numa época em que a cidade só dispunha de um médico que atendia
de segunda à sexta, ele atendia dezenas de pessoas em sua residência, inclusive
nos finais de semana. Durante as férias escolares sua casa assemelhava-se a um
grande albergue da juventude. Ele e Terezinha, sempre hospitaleiros, acolhiam de
coração aberto seus sobrinhos e parentes que residiam em Recife, os quais ainda
traziam amigos para passar férias na cidade.
Na qualidade de
gestor municipal em três legislaturas, realizou importantes conquistas para o
município nas áreas da educação, saúde e meio ambiente. Procurou conduzir o
município rumo ao desenvolvimento sustentável, sendo responsável por obras
estruturadoras como estradas, saneamento, comunicação e construção do hospital
municipal. Sua trajetória política foi marcada pela ética e solidariedade,
destacando-se como um líder de propostas sólidas com pé no chão e visão de
futuro.
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