No dia 19 de janeiro de 1879 o missionário capuchinho, frei Venâncio
Maria de Ferrara, chegou ao povoado de São José da Boa Esperança para realizar
as Santas Missões, Pregou durante 22 dias e fez uma campanha e um grande
mutirão com os moradores da vila para construção de uma igreja. Conseguiu
deixar pronto o alicerce, já com paredes na altura de receber os andaimes, para
continuar a construção do novo templo, no local onde hoje existe a atual
matriz. Depois de sua saída, os moradores concluíram a obra. No dia 24 de
dezembro de 1883 a nova matriz foi sagrada e inaugurada pelo missionário
capuchinho Frei João de Gangi.
Esta igreja foi reformada na década de 1930, sendo inaugurada com as
características atuais em 1937.
Anteriormente, havia no povoado de São José da Boa Esperança uma pequena
capela, idealizada pelo major José Pereira de Araújo e ela estava localizada na
área do atual fórum municipal. Segundo a tradição, nasceu um pé de gravatá no
telhado da capela. A planta foi crescendo e se avolumando de tal forma que um
dia o teto desabou com peso.
Frei Venâncio Maria de Ferrara nasceu na Itália no dia 11 de setembro de
1822. Foi ordenado sacerdote em 1845, pelo cardeal bispo de Ímola, que depois
foi sagrado papa com o nome de Pio IX. Ele vestiu o hábito de capuchinho no dia
22 de outubro de 1849.
Demonstrando publicamente seu amor e inclinação para a vida claustral e
desejando consagrar-se à evangelização, solicitou e foi atendido pelos
superiores de sua ordem. Em 1853 veio para o Brasil, dirigindo-se direto para o
Rio de Janeiro onde logo lhe surgiu a oportunidade de exercer, de modo o mais
edificante, a piedade e abnegação sacerdotais. A cidade do Rio foi invadida
pelo cólera morbus e ele, expondo em risco a própria vida, foi solícito e
incansável em ajudar os que haviam sido atingidos pela epidemia, levando-lhes o
conforto da fé para que eles atravessassem vitoriosamente a crise ameaçadora,
ou sofressem com resignação o golpe fatal. Dominado o flagelo, estregou-se Frei
Venâncio, com exemplar fervor, às tarefas habituais da vida religiosa,
tornando-se ao mesmo tempo o mais valioso auxiliar do inesquecível Frei Caetano
de Messina, então comissário dos capuchinhos no Brasil, na obra que este
empreendera na reconstrução da igreja do Morro do Cavalo e edificação do
contíguo hospício.
Reservou-lhe, porém, a providência, um campo mais vasto à atividade
apostólica e uma ordem superior o levou, em 1870, ao nordeste do país a cinco
extensas províncias (Pernambuco, Alagoas, Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará)
e durante dezesseis anos pregou o evangelho da fé cristã.
Frei Venâncio, entre os melhores serviços, deixou como atestado de sua
inteligente atividade o belo templo da basílica da Penha, em Recife, levantado
desde os seus alicerces até a cúpula majestosa.
A primeira capela dedicada a Nossa Senhora da Penha foi construída pelos
capuchinhos franceses em 1656. Depois da perseguição de Pombal, vieram os
capuchinhos italianos em 1710. Esses reformaram a capela anterior, que assim
permaneceu até 1870.
No domingo seis de novembro de 1870, foi assentada a pedra da nova
igreja, de modo solene, às 5:30 da tarde foi celebrada uma missa pelo vigário
capitular e havendo uma numerosíssima assistência. Frei Venâncio pregou um
tocante sermão relativo ao objetivo da festa. A primeira pá de argamassa e a
primeira martelada couberam ao presidente da província, Dr. Diogo Velho
Cavalcante de Albuquerque. No dia sete de janeiro de 1872, frei Venâncio tomou
posse da prefeitura do convento onde ficou até o final da construção da igreja.
No dia 22 de janeiro de 1882, teve lugar a sagração oficial do tempo, numa
solenidade presidida pelo bispo Dom Antônio de Alvarenga. A igreja, porém, não
estava toda pronta ainda, faltavam alguns altares. Em 1890 a obra estava
totalmente concluída.
Monumento de arte e de fé, como se fosse a corporização de seu generoso
e santo apostolado, e representa a grandeza e a elevação com que ele
compreendeu e serviu o culto divino e o progresso humano.
Em 1889 foi nomeado prefeito da Bahia, província onde, por conta de seu
trabalho missionário, percorreu quase todo o sertão. Nas muitas paróquias dessa
arquidiocese em que pregou missões, frutificaram a sua palavra e o seu exemplo
e ainda é lembrado sempre com reconhecimento, assim como a caridade paternal
que dispensava a todos, sem asperezas contra as faltas dos ignorantes e,
benévolo sem fraqueza, com os desviados. Uma época ele pregou quarenta e três
missões em diversas freguesias do litoral e do interior da Bahia, deixando em
cada uma, o marco de sua passagem: uma igreja, uma capela, um cemitério ou um
açude.
Vida tão edificante não poderia deixar de merecer as bênçãos do céu e
ele as recebeu visivelmente. Em 1890, teve a felicidade de completar cinquenta
anos de vida religiosa e, mais tarde, a 28 de setembro de 1895, a festejada
comemoração de seu jubileu sacerdotal. Bênção do céu a seu servo fiel foi
também a felicidade com que ele, octogenário e enfermo, vencendo reais e graves
perigos, pudesse realizar, no ano de 1902, uma viagem a Roma para satisfazer o
voto filial de saudar, antes de sua morte, ao ínclito pontífice Leão XIII.
O frade era muito estimado na Bahia e nas outras regiões do nordeste.
Sua vida religiosa foi sempre cheia de notáveis de caridade e amor, e a sua palavra
foi sempre conselheira e amiga. Na própria moléstia que o prendeu ao leito,
frei Venâncio não perdeu a paciência e a fé. Resignado a todos os sofrimentos,
ele permanecia no leito segurando o crucifixo e rezando.
Frei
Venâncio de Ferrara, prefeito da ordem dos capuchinhos, faleceu no dia 26 de
novembro de 1906 em sua cela, no hospício de Nossa Senhora da Penha na Bahia.
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