Antônio Epaminondas de Barros Correia nasceu no distrito de Altinho, na época
pertencente a Caruaru, no dia três de junho de 1839. Era filho do capitão
Francisco Joaquim de Barros Correia.
Bacharelou-se
em direito pela Faculdade de Recife em 35 de novembro de 1864. Depois de
formado, ocupou os cargos de promotor público de Caruaru e juiz municipal de
Brejo da Madre de Deus. Deixou o cargo de juiz, para dedicar-se a advocacia na
comarca de Caruaru.
Entrou
na política e ingressou no partido liberam. Foi eleito, em diversas
legislaturas, deputado provincial. Foi vice-presidente da antiga província de
Pernambuco e assumiu o cargo de presidente por três vezes. Ao final de sua
terceira administração, o governo do império o fez comendador da Ordem da Rosa.
Mais tarde, em 1889, sendo presidente do conselho de ministros, o visconde de
Ouro Preto, agraciou-o com o baronato, cujo título, tirado já no regime atual,
foi-lhe oferecido pelo Dr. José Mariano.
Na
qualidade de vice-governador, ainda administrou Pernambuco durante 23 dias, de
27 de novembro à sangrenta noite de 18 de dezembro de 1891.
Também
ocupou a presidência da Sociedade Protetora da Agricultura e, posteriormente, fez
parte de seu conselho.
Em
1890, quando a vila São José da Boa Esperança emancipou-se de Escada e passou a
se chamar Amaragy, ele fez parte da intendência do novo município.
Vão
rareando em Pernambuco homens como o barão de Contendas, se impunha à estima e
ao respeito de todos pela inteira correção de seu procedimento, tanto nas
relações da vida particular, quanto nas da vida pública e política.
Sob o
primeiro dos aludidos aspectos, o inesquecível extinto podia ser considerado
verdadeiro modelo de chefe de família, patrono e guia não somente da esposa e
filhos, mas de todos os seus numerosos parentes, que sempre o ouviam e sempre o
acatavam. Na qualidade de político, ninguém desconhece em Pernambuco sua
incontestável benemerência, seu devotamento aos correligionários e sua intransigência
ante os adversários – uma e outra sem ruídos e sem estardalhaço, sereno e cortês,
ele, livre de rancores, de vaidades e de ambições.
Seria
difícil excedê-lo na fidalguia do trato, fidalguia sem a frieza dos orgulhosos,
doa que acolhem medindo e acentuando distâncias e o seu lar abria-se, em
Contendas, aos amigos, hospitaleiro e precioso, no conforto invariável da
cativante gentileza do distinto titular, de sua esposa e filhos – gentileza sempre
grande e sempre a mesma.
Dr.
Antônio Epaminondas de Barros Correia casou-se com dona Maria José Alves de
Araújo, filha de Antônio Alves da Silva e Antônia Alves de Araújo, os barões de
Amaraji no ano de 1872. Dessa união, tiveram 13 filhos, dos quais são vivos os
12 seguintes:
Dr.
Antônio Epaminondas de Barroa Correia, advogado e deputado estadual no Espírito
Santo; Dr. Eutíquio de Barros Correia, agricultor; Dr. Cícero de Barros
Correia, médico, residente em Manaus; Dr. Joaquim de Barros Correia, formado
recentemente em direito, nomeado promotor de Alagoa do Monteiro na Paraíba; dona
Maria Gentil Correia dos Santos Dias, esposa do major Pedro dos Santos Dias;
dona Generosa de Barros Correia Pontual, esposa do major José Hermínio Pontual
Filho; os Srs. Constâncio e Melânio de Barros Correia, acadêmicos de direito e
os menores Angelina, Naíde, Erasmo e Sólon.
O
barão adoeceu no dia 16 de abril de 1905 e veio a falecer no dia 20 do mesmo
mês, em sua residência no engenho Contendas, localizado à margem da estrada de
ferro de São Francisco no município de Amaraji.
O
governador do estado autorizou a viagem de um trem especial de Recife até a
estação de Frexeiras, para levar os amigos e outras pessoas que quisessem
participar das últimas homenagens ao ilustre político. O trem saiu da estação
de Cinco Pontas às treze e quarenta e cinco e chegou em Frexeiras às quinze e
trinta. De lá os passageiros seguiram de carro até o engenho Contendas.
A
casa grande do engenho Contendas, de dois pavimentos, e tendo no superior largo
terraço coberto e avarandado, estava repleta de parentes, amigos e admiradores
do saudoso morto.
Era
cerca de quatro e trinta quando o caixão foi conduzido à mão até o engenho
Visgueiro, acompanhado por um cortejo numeroso de pessoas de carro, mais de cem
a cavalo e dezenas a pé. De Visgueiro, o caixão e os que o acompanhavam seguiram
num comboio de ferro da usina Bamburral até em frente à linda capela do engenho
Amaraji, situada numa aba da montanha.
Recebido
por diversos cavaleiros, que desceram até a linha férrea trazendo círios, e
encomendado pelo reverendo padre Jerônimo de Assunção, vigário de Amaraji, na
igrejinha toda branca e bem cuidada, a qual, em outra situação seria alegre e
sorridente. O corpo do barão de Contendas foi sepultado no pequeno cemitério ao
lado esquerdo da mesma, onde jazem os restos mortais do barão e da baronesa de
Amaraji, além de vários outros familiares.
Diante
do túmulo, pronunciou sentidas e eloquentes palavras, o Dr. João de Macedo
França.
Transcrito do jornal “A Província” de 23 de
abril de 1905.