sábado, 30 de março de 2013

Grandes Mestres de Amaraji - Mara de Vasconcelos Santiago

Mara Santiago nasceu no dia sete de julho de 1930 em Amaraji. Filha de Erasmo José Alves e Levina de Vasconcelos Alves. Seus avós paternos foram Victor José Alves e Maria José Alves e os maternos, Liberato Joaquim de Vasconcelos e Maria Manuela Tavares de Vasconcelos. Foi registrada no dia 16 de agosto de 1930.
Iniciou seus estudos primários com a professora Lourdes Barbosa nesta cidade. Posteriormente, cursou o ginásio no Colégio Santa Cristina na cidade de Nazaré da Mata. Cursou e concluiu o curso pedagógico na Escola Normal Pinto Junior em Recife no ano de 1952. Sua colação de grau aconteceu no teatro de Santa Isabel no dia 7 de dezembro de 1950 e seu paraninfo foi Hildefonso de Vasconcelos Filho.
No mês de abril de 1953 ela foi aprovada no 5º Curso de Aperfeiçoamento de Professoras Rurais da Secretaria de Educação. Obteve o 32º lugar na classificação geral do concurso, com as seguintes notas: Metodologia – 70, Provas e Medidas – 96, Redação Oficial – 90, Puericultura – 95 e Práticas Rurais – 90. Sua media global foi de 88,20. Os resultados do concurso foram publicados no Diário Oficial do Estado do dia dez de abril de 1953.
   
     No dia 13 de julho de 1953, a portaria nº 1050 da Secretaria de Administração do Estado determinou sua localização, juntamente com Maria Neide Lins, na Escola Típica Rural de Caracituba. Nova portaria, a de nº 1915, do dia 17.10.1953, determinou que ela fosse localizada na Escola Típica Rural do engenho Garra, para exercer a função de professora extranumerária mensalista. Esse era um tipo de contrato anual que o Governo fazia com as professoras recém-formadas. Cada início de ano, elas eram reconduzidas à escola através de novo contrato assinado.
        Em 1957, pelo do ato governamental nº 863 de 27 de janeiro, muitas professoras receberam promoção. Mara Vasconcelos, através da portaria nº 1394 de 11 de junho do mesmo ano, foi designada para assumir a cadeira nº 4 do Grupo Dom Luiz de Brito, deixando a Escola Típica Rural do Engenho Garra. Ela permaneceu naquela escola por quase cinco anos, trabalhando com muita dedicação e amor com crianças da zona rural.
        No dia seis de dezembro de 1963, contraiu matrimônio com o professor Israel Agostinho Santiago, na época, tabelião do cartório do primeiro ofício de Amaraji e diretor Ginásio São José da Boa Esperança, mantido pela Campanha Nacional de Educandários Gratuitos. O casal são os pais de: Ana Paula de Vasconcelos Santiago, Helder de Vasconcelos Santiago e Israel Agostinho Santiago Júnior.
Em 1957, através do Ato nº 2021 de 21 de março de 1963 do Governador, ela deixou o Grupo Escolar Dom Luiz de Brito para ficar à disposição do Ginásio São José da Boa Esperança com ônus para o Estado.
Nas eleições majoritárias de 1958 ela candidatou-se a vereadora. Foi a primeira mulher a disputar um mandato na história de Amaraji. Ficou na suplência, mas assumiu a vaga de vereadora por várias vezes. Foi na gestão do prefeito Plínio Alves de Araújo.
No dia 18 de junho de 1967 deixa o Ginásio São José e retorna às suas atividades no Grupo Escolar Dom Luiz de Brito. Continuou, entretanto, a lecionar no Ginásio São José, onde dava aulas de português e literatura portuguesa. Até hoje Mara e lembrada por seus alunos por sua eficiência, capacidade e dedicação ao ensino.
No começo da década de 1980 cursou letras na Faculdade de Formação de Professores da Mata-Sul – FAMASUL.
        Em março de 1979, foi nomeada diretora do Grupo Escolar Dom Luiz de Brito, substituindo a professora Denise Fontes Moraes que fora designada supervisora dos municípios de Amaraji e Primavera. Nos nove anos de direção da escola fez um excelente trabalho, interagindo bem com as pessoas da regional da educação de Palmares, com os colegas, os alunos e a comunidade. Ficou à frente do Dom Luiz até julho de 1988.
        No final da década de 1980 deixou Amaraji e passou a residir em Olinda. Era uma casa muito bem decorada com flores e plantas por toda parte. Em meados dos anos noventa retorno para Amaraji.
A filha mais velha de Erasmo José Alves e Levina Vasconcelos Alves foi batizada com o nome de Amara. Para os familiares e amigos era Amarinha. A irrequieta e alegre menina que cresceu amando as paisagens amarajienses.  Mais tarde tornou-se conhecida como Mara, nome que adotou, pois como dizia, era menos amargo. Mara cresceu envolvida pela cultura e pelas tradições da cidade de Amaraji, a terrinha que tanto amou.
Possuidora de uma grande facilidade de expressão, Mara era sempre convidada para recepcionar autoridades políticas, eclesiásticas, etc. Tornou-se conhecida por sua oratória, seus conhecimentos literários, história e tradições do município. Foi a primeira mulher amarajiense a ocupar uma cadeira na Câmara Municipal de Amaraji.
Nos anos 1974 e 1975, Mara Santiago e a Abiacy Andrade mantiveram no serviço de som do Cine Clube Amaraji um programa de variedades que ia ao ar nos domingos à tarde. O “Amaraji Informal” relembrava a cidade de antigamente. Noticiava fatos, realizava entrevistas, promovendo dessa forma, um grande resgate da história e da cultura local, como também proporcionando uma enorme contribuição na divulgação de informações que esclarecia a população sobre a verdadeira cidadania. A população aguardava com ansiedade o horário vespertino do domingo para escutar o programa levado ao éter dos quatro cantos da cidade pelas cornetas do Cine Clube.
Mara escreveu incansavelmente durante longos anos de sua vida. Seus gêneros preferidos eram a literatura de cordel, a poesia romântica, a crônica do dia a dia. Também escreveu reflexões e pensamentos sobre temas diversos. Incentivada por amigos escreveu o livro Amaraji sem Retoques.
O livro foi lançado no dia 00 de novembro de 1986 no salão paroquial da cidade. O prefeito Álvaro Melo, a Câmara Municipal e a professora Aline Cavalcanti estiveram à frente da organização do evento, preparando uma grande recepção na qual estavam presentes parentes, alunos e amigos da cidade e de cidades vizinhas.
A apresentação do livro foi feita pelo professor Antônio Alves da Costa ao lado de sua esposa Luzia. O desenrolar da programação ficou a cargo de Sandoval Cavalcanti que, junto com Alzira, organizaram tudo. Um destaque para a presença do professor e odontólogo, José Roberto de Melo, presidente da Academia Pernambucana de Odontologia, ao lado de sua mãe dona Bibi Melo.
O salão atapetado de folhas de canela foi decorado pelo artista plástico Mário Celso Miranda Cunha, amigo de Mara. O bufê preparado com iguarias da cozinha regional, como: bolo de massa de mandioca, beiju, tapioca, manuê, grude de goma, entre outras e foi servido por jovens caracterizadas de caipira. Houve também apresentação de pastoril e danças folclóricas, por um grupo infantil coordenado pela professora Rosete Pedrosa.
Numa linguagem simples, em seu livro ela retratou fatos, tipos, causos e peculiaridades da cidade e de seus habitantes. Fala das atividades sociais de ontem e de hoje, do folclore, dos pontos turísticos, dos engenhos, da política, da economia e da cultura. Este é o acróstico que ela escreveu, enaltecendo a terra tanto amava.


 
Foi uma grane incentivadora da arte e cultura amarajiense, sendo uma das fundadoras do Centro Erasmo Alves de Cultura – CEAC.
Mara teve como bandeira o amor e o orgulho por nossa terra, demonstrando isso na poesia que compõe o belo hino de Amaraji, de sua autoria. Comunicativa, alegre, jovial, Mara se destacava onde quer que fosse e seu encanto por nossa terra fazia com que ela se autodenominasse “a cara de Amaraji”.
Gostava de receber pequenos grupos de amigos em sua casa para recepções. Enquanto os amigos se divertiam cantando e tomando uns drinks, ela cuidava de tudo nos mínimos detalhes: servia, limpava e organizava tudo. Quando a festa chegava ao fim, a casa estava tão arrumada que parecia que tudo ia começar naquele momento.
Em sua casa na Rua 23 de Julho ela construiu, na parte de trás, um espaço bastante arborizado e florido, com banquinhos de praça e uma piscina. Chamava o ambiente de “minha área de lazer” e nos, seus amigos, tivemos momentos muito agradáveis e divertidos lá.
No dia 30 de agosto de 2001 Mara partiu prematuramente, deixando uma grande lacuna entre seus amigos e no meio cultural, artístico e social da cidade.
Em 23 de julho de 2011 foi inaugurada em Amaraji a Escola de Musica Amara de Vasconcelos Santiago em sua homenagem.
A Escola de Musica Amara de Vasconcelos Santiago, inaugurada no dia 23 de julho de 2011, foi uma merecida homenagem da prefeitura, na pessoa do prefeito Jânio Gouveia, à mestra de tantas gerações.
Amaraji, porém, continuar a amar Mara, pois ela está no coração de cada amarajiense que a conheceu e que teve a felicidade de privar de sua amizade. No final de seu livro ela escreveu um belo resumo de todo o trabalho:
 
 
 
 
RETROSPECTO
 
Ai de mim, quanta lembrança, do que ficou para trás
Do meu tempo de criança que não volta nunca mais.
 
Em pensamento eu revejo a pequena Amaraji
Ruas, becos e vielas, que em menina conheci.
 
Relembrando o teu passado, vem logo à minha mente
Pedrinho dentista que vinha extrair e botar dente.
 
Um tipo muito risonho, com todos, ele brincava,
Seu Mário telegrafista, no Correio ele morava.
 
Vejo outro conhecido de Amaraji, coletor,
É o Zé Guilherme de Andrade, recordo com muito amor.
 
Paro aqui pra recordar fatos e coisas também
Lembranças de uma época que à minha mente vem.
 
A política era bem quente e a divisão era tamanha
Que valia tudo na vida pra se vencer a campanha.
 
No dia da eleição a vigilância era demais
As estratégias eram muitas pra botar o outro pra trás.
 
Senhores com seus capangas vinham para aqui comandar,
Com seus rifles bem à mostra, todo o povo amedrontar.
 
Os políticos daquele tempo, “donos” da situação,
Mandavam até na justiça, não queriam opinião.
 
A politicagem era tanta, na luta pelo poder,
 
Que valia tudo na vida para a campanha vencer.
 
Nesse tempo Primavera a Amaraji pertencia
E juntamente com Cortês, o voto se dividia.
 
A primeira eleição, na qual o meu voto dei,
Foi pra Agamenon Magalhães, de lá pra cá não parei.
 
Votei e já fui votada, pra vereadora daqui,
Sendo a primeira mulher, eleita em Amaraji.
 
E por falar em política, ninguém mais politiqueiro,
O seu nome era Laurindo, apelidado, o Doceiro.
 
Seu Lalá me lembro bem, gostava de uma caninha,
Tomava pra se alegrar, quando do Garra vinha.
 
Vamos retrospectar, juntando coisinhas mais,
Du tempo em que aqui vivi e que está muito pra trás.
 
Namoro aqui era “flerte”, hoje é “transa” ou “paqueração”
Mulher casada era dama, hoje não há discriminação.
 
Zona só existia uma e discretamente se ia
Hoje tem pra escolher, se no centro ou periferia.
 
Ônibus se chamava sopa, motorista era chofé
Padre vestia batina, balão, só o de Seu Né.
 
Crente aqui chamavam “Bode” e havia divisão
Um católico não comprava na venda do velho Tião.
 
O preconceito era demais em nome da religião
Quem quisesse ir pro “escanteio”, andasse com a bíblia na mão.
 
Os exames nas escolas eram escritos e orais,
Matemática e português, se estudava demais.
 
Nenhuma estratégia tinha, nem círculo de pais havia,
Somente muito rigor e o aluno aprendia.
 
Estou cansada de ouvir e muita gente afirmar
Que o primário de antigamente, é o atual vestibular.
 
Não vejo nisso exagero, dou meu testemunho ardente
Professora no meu tempo ensinava a se ser “gente”.
 
As mulheres engravidavam e não faziam prenatal
Davam à luz em casa mesmo e saía tudo muito legal.
 
“Olhado” e “espinhela caída”, disso não se morria não,
As rezadeiras davam um jeito, com manto e muita oração.
 
Quando a tarde escurecia, na “horinha” do jantar,
O motor funcionava para a cidade alegrar.
 
Quando soavam dez horas, todo mundo já sabia
O motor dava o sinal e o povo se recolhia.
 
As serenatas eram o “fraco” em toda ocasião
Cantiga de roda e valsa eram também atração.
 
 
Os bailes se realizavam com tamanha animação
E era a Rádio Educadora o lugar dessa atração.
 
 
A turma lá do sereno ficava querendo ver
Quem apertava mais a mão pra toda a cidade encher.
 
Parece-me ainda ouvir alguém assim se expressar:
“Alô, Senhor Paulo, queira esta música escutar”.
 
Tínhamos também um jornal que circulava todo mês
Com notícias de Primavera, Amaraji e Cortês.
 
Seu fundador, Erasmo Alves, homem de muita visão,
Fez de “A Voz de Amaraji” veículo de muita ação.
 
Nas festas de Natal não havia pomposidade,
Mas a alegria reinava nos recantos da cidade.
 
O mês de maio era animado do primeiro ao último dia,
Fogos, flores e balão, cada noiteiro trazia.
 
Os Sete de Setembro, por gosto se podia ver,
O Externato de Dona Lourdes, nada ficava a dever.
 
E era assim que Mara Santiago via Amaraji, seu povo, os costumes e tradições da cidade. Ela fez jus, merecidamente, ao que está escrito na orelha de seu livro “Amaraji sem Retoques”:
 
“Quem conhece Amara, e souber amar, amará Amara e Amaraji”.


domingo, 10 de março de 2013

Festa do Padroeiro São José em 1971 - Há 42 Anos

Com a presença do missionário, Frei Damião de Bozzano, a população católica de Amaraji festejou no dia 21 de março de 1971, o dia de São José, padroeiro da cidade. O vigário da paróquia, na época, era o padre Inácio Vieira da Silva.

No dia 21, data da comemoração da festa, houve uma salva de 21 tiros sob os acordes da Filarmônica 4 de Outubro, às 5 horas da manhã.

Em seguida, às 7 horas foi realizada uma missa, com comunhão geral, e às 10 horas, missa concelebrada. Às 14 horas foi apresentada uma cavalaria, ricamente areada. Às 15 horas, administração do sacramento da crisma e às 17, o início da procissão. O andor de São José, decorado com muita arte, trabalho de seu Amaro Decorador e de Maria de Lourdes Andrade (de Animoso).

Às 18 horas a solenidade de encerramento com a pregação de Frei Damião, que pela primeira vez visitava a cidade de Amaraji.

Os festejos profanos constaram do tradicional parque de diversão com roda gigante, canoas, carrossel, jaú, a onda, além da apresentação do pastoril e de muitos fogos de artifício.

À noite foi realizado na rádio educadora um animado baile com o conjunto de iê-iê-iê, “Os Intocáveis” que apresentaram um repertório muito atualizado. O responsável pelo baile foi José Mario Moraes (Dedé).

Centenas de visitantes da capital e das cidades vizinhas prestigiaram o evento dando muito brilhantismo à festa.

A comissão arrecadadora da festa foi composta pelo tenente Pedro Chaves, Aline Cavalcanti, Amarinho Silveira, Plínio Araújo, Valdo Moraes e Maria Aparecida.

A cidade parabenizou os responsáveis pelo sucesso da festa.

sábado, 9 de março de 2013

Festa de São José na Freguesia de Amaraji em 1915

O vigário da freguesia conseguia formar uma comissão de festa que reunia dezenas de casais da comunidade católica. Usineiros, senhores de engenho, políticos, comerciantes e empregados da intendência municipal.
 
A matéria foi extraída do jornal A Província.
 
Eleição dos devotos que têm de concorrer para a festa do patriarca São José na freguesia de Amaraji aos 19 de março de 1915.

Juíza da festa – Exma. Sra. Maria José de Barros Correia, baronesa de Contendas.

Juiz da festa – Ilmo. Sr. Dr. Davino dos Santos Pontual

Juíza da bandeira – Ilma. Sra. Dona Benvenuta Rodrigues dos Santos

Juíza perpétua – Ilma. Sra. Dona Brasilina de Souza

Juiz perpétuo – Coronel Liberato José Marques

Juízas benfeitoras – Ilmas. Sras. Marieta Antônia de Miranda Araújo, Lauriana Lins Pontual, Maria Ernestina de Araújo Monteiro, Davina de Araújo Domingues da Silva, Maria Salomé de Araújo, Joaquina Alves Pontual, Thereza da Silveira Pontual, Enedina de Barros Pontual, Feliciana de Souza, Josefa Catarina de Oliveira, Flora Alves da Silva, Francisca de Barros Pontual, Aunita Lopes, Maria Rosina Niceas de Albuquerque e Maria Virgínia da Luz.

Juízes benfeitores – Ilmos. Srs. Comendador José Pereira de Araújo, coronel Francisco da Rocha Pontual Júnior, coronel Silviano Moreira Cavalcanti, Dr. José Domingues da Silva, Dr. Marcionilo Arcoverde de Albuquerque Cavalcanti, Major Eduardo de Carvalho, capitão Antônio Gervásio de Souza, capitão Antônio Gervásio de Souza Sobrinho, coronel José Hermínio Pontual, coronel Brás Cavalcanti, coronel José Matias, coronel André Dias, coronel André Hibernon de Melo, coronel Manuel de Holanda, major Luiz de França Pereira de Melo, major Francisco de Araújo Monteiro, major José Raposo, major Paulino Niceas, capitão Perdiliano Niceas e José Veloso Duarte.

Juízas por devoção – Ilmas. Sras. Capitão Josué Lins de Andrade, major Enedino Alves da Silva, major Godofredo de Figueiredo, coronel José Esteves, Joaquim Coelho, Floriano Coelho da Silveira, Moisés Gomes Esteves, major Adolfo Cavalcanti, Dr. Epaminondas de Barros Correia, coronel José Barbosa da Silva Nunes, Antônio José dos Santos, José Gomes de Andrade, major Francisco Bezerra de Menezes, major João Benigno de Barros, Amaro Feitosa Cavalcanti, José Ponciano, Francisco da Fonseca, José Rodrigues da Silva, José de Oliveira Nóbrega e Norberto.

Escrivãs – Exmas. Sras. Elisa de Oliveira, Guilhermina Dias Ferreira, Alice da Silva Hermenegildo, Alice Rodrigues dos Santos, Anália da Costa Leite, Alzira da Fonseca, Luísa Costa, Floripes Beda Santiago, Angelina de Barros Correia, Judite Pontual e Maria Adalgisa Pontual.

Escrivães – Ilmos. Srs. Dr. Plínio Alves de Araújo, Agenor de Miranda Araújo, professor José da Hora Beda, farmacêutico Mário Landim, Eduardo Roque de Souza, José Temístocles e Pedro Rufino Filho.

Mordomos e Mordomas – Todos os devotos de são José.

Procuradores – Major Eduardo de Carvalho, major José Ladislau da Fonseca, major João Florentino de Melo, capitão Constâncio de Sena Pontual e capitão Rubens Pereira de Araújo.

Tesoureiro – Alexandre de Andrade Lima

Visto – Vigário José Landim

Amaraji, 12 de março de 1915.

domingo, 3 de março de 2013

Dom Luiz de Brito - Primeiro Bispo a Visitar Amaraji


Dom Luiz Raimundo da Silva Brito, foi o 1º Arcebispo de Olinda, cujo governo diocesano foi de 1901 a 1915, sendo ele o 25º bispo da Diocese de Olinda.
Era sacerdote do hábito de São Pedro, como em seu tempo designavam os padres diocesanos. Entrou no seminário aos 12 anos, concluindo o curso de humanidades no Liceu do Maranhão. Foi ordenado presbítero em 19 de junho de 1864 por Dom Luiz da Conceição Saraiva, OSB. Foi sagrado bispo em cinco de maio de 1904, na Catedral do Rio de Janeiro, por Dom Joaquim Arcoverde, então Arcebispo do Rio e onde o padre Luiz era cônego.

Sua posse como bispo de Olinda ocorreu em dois de julho de 1901, na Igreja da Sé de Olinda. Nessa solenidade estava presente o Arcebispo Primaz do Brasil D. Jerônimo Tomé de Souza. O tradicional Te-Deum foi cantado na Matriz do Corpo Santo, que existia em Recife, sendo o novo bispo saudado pelo Mons. José de Oliveira Lopes, reitor do Seminário de Olinda.
Ao longo do seu episcopado (1901-1915), Dom Luiz Brito desenvolveu uma atividade pastoral que o levou a visitar toda a diocese, que então compreendia todo o Estado de Pernambuco, com jurisdição ainda sobre Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Na freguesia de Amaraji, ele realizou sua visita entre os dias 9 a 14 de novembro de 1905.

De suas visitas pastorais veio como consequência a elevação de Olinda à condição de Arquidiocese, sendo o seu primeiro arcebispo, e o planejamento da reestruturação da Província eclesiástica de Pernambuco, com o desmembramento de paróquias que vieram a se tornar dioceses posteriormente, casos de Petrolina, Garanhuns, Nazaré da Mata e Floresta. A Diocese de Floresta, no Sertão do São Francisco, posteriormente teve sua sede transferida para Pesqueira. A atuação de D. Luiz de Brito estava em consonância com as orientações da Igreja durante a República Velha, na qual o papel da hierarquia se ateve a implantar instituições que ancorassem a sua inserção sociopolítica.
O contexto eclesial-político dos finais do século XIX estava fundamentado em algumas metas delineadas pela Santa Sé: 1º - A reconstrução da Igreja no Brasil tendo em vista sua ligação efetiva à Sé Romana, metas essas bem definidas em 1899, no Concílio Plenário para o Episcopado da América Latina (28 de maio a 9 de julho de 1899); 2º - Manter boas relações com o Estado brasileiro, consubstanciado na criação do Partido Católico (1890) cujo objetivo era a aproximação com Estado, cujas lideranças estavam no Rio de Janeiro. É dentro dessa conjuntura que é arquitetado a elevação da diocese de Olinda à Arquidiocese e é aí que são incentivadas e criadas a Ação Católica, que desembocará posteriormente no integralismo católico. Não obstante dom Luiz de Brito abrirá espaços para o seu sucessor imediato: D. Sebastião Leme.

Desta forma a Igreja de Olinda que até então era uma historicamente "Liberal" passa a ter um direcionamento "Conservador", resgatando povo e elite para o redil da Igreja, meta essa que será marco de seu sucessor imediato Dom Sebastião Leme, mas que Dom Luiz já lançava bases, cujas ações pastorais sinteticamente abaixo elencadas dão mostras do apelo popular e elitista dessa estratégia de inserção na igreja na nova realidade urbana brasileira, e particularmente dentro da nova realidade pernambucana, que se insurgia como o maior centro industrial nordestino naquele momento (Leão do Norte), com nova configuração urbana, nitidamente nos subúrbios da zona norte, onde passariam a habitar os migrantes operários e descendentes de afro-brasileiros, como foi o caso do Morro da Conceição, local de edificação de uma nova Igreja e novo centro de peregrinação, desde então.

São de sua iniciativa pastoral:
A fundação do Círculo Católico Operário;
A fundação do Jornal Tribuna Religiosa (A Tribuna);
A elevação de Nossa Senhora do Carmo à Excelsa Padroeira do Recife;
A construção do monumento à Nossa Senhora da Conceição do Morro, no subúrbio Recifense e incentivo às peregrinações anuais;
Reorganização e criação de diversas Paróquias, saindo do centro para as periferias;
Reforma da Sé de Olinda, transformando-a em estilo neogótico.

Sob seu governo, em cinco de dezembro de 1910, a diocese de Olinda foi elevada a Arquidiocese e Sede Metropolitana pelo Decreto da Sagrada Congregação Consistorial. Pela Bula "Cum urbs Recife" do Papa Bento XV de 26 de julho de 1918, passou a denominar-se Arquidiocese de Olinda e Recife.

Sob as gestões do governador Dantas Barreto e do prefeito Eudoro Correia, em 1912, foi demolida a Capela da Conceição dos Canoeiros, construída em 1851. Em 1913, foi demolido o Arco da Conceição, inaugurado em 1740, e a Matriz do Corpo Santo, edificada no século XVI, no local da ermida de Santelmo, uma das mais antigas edificações do Recife, para dar lugar à ampliação do cais e modernização do atual bairro do Recife, fatos que deixaram consternados muitos fiéis. Não se tem notícias quais foram as compensações materiais obtidas pela diocese por essas desapropriações, mas o fato abriu precedentes para demolições de edifícios religiosos à posteriori.
Aos 75 anos, sofreu um derrame cerebral, falecendo no dia nove de dezembro de 1915, sendo sepultado na Catedral de Olinda, onde seus restos mortais ainda permanecem no Mausoléu dos Bispos.

 

sábado, 2 de março de 2013

Vigários de Amaraji (2) - Padre José Alves Ferreira Landim


José Alves Ferreira Landim nasceu a 03 de maio de 1887 na cidade de Pão de Açúcar no Estado de Alagoas. Era filho do Dr. Vicente de Leirins Ferreira Landim e da Sra. Maria Cavalcante Ferreira Landim. Foi batizado a 03 de julho de 1887 na Matriz de Pão de Açúcar.

Em 1900 entrou para o Seminário de Olinda em onde cursou o Curso de Seminário Menor e Maior. Recebeu a tonsura a 18 de novembro de 1906; as ordens menores, a 17 de novembro de 1907; foi subdiácono a 22 de novembro de 1908; diaconato em junho de 1909 e presbítero, a 21 de novembro de 1909. Foi ordenado por Dom Luís Raimundo da Silva Brito, Arcebispo de Olinda e Recife na Matriz de Santo Antônio em Recife. Celebrou sua primeira missa no dia 08 de dezembro na Matriz de Paudalho.
Em 1910, foi nomeado Coadjutor do Padre Vitorino Souza Mendes de Paiva, da paróquia do Brejo da Madre de Deus. Ainda em 1910, foi designado auxiliar do Colégio Diocesano e capelão da Igreja de Poço da Panela, em Recife.
De 1912 a 1915 foi vigário de Amaraji, sendo o segundo padre da nova paróquia. Saindo de Amaraji foi ser coadjutor da Matriz da Boa Vista em Recife.
Em 1916, foi para a Diocese de Floresta onde trabalhou como Secretário do Bispado. Foi diretor do Colégio da Cidade e do Jornal “Alto do Sertão”. Em dezembro de 1916, foi nomeado vigário de Triunfo e na cidade assumiu a direção do Ginásio local. Com a transferência da sede do Bispado para Pesqueira em 1918, foi nomeado para a secretaria do Bispado. Em 1921, foi nomeado para a diocese de Nazaré da Mata, e lá exerceu a função de vigário do distrito de Queimadas.
No dia 32 de agosto de 1923, chegou em Natal no Rio Grande do Norte na gestão do bispo Dom José Pereira Alves. Na nova diocese foi diretor espiritual e capelão do Colégio Santo Antonio em 1923; capelão do Colégio da Conceição em 1924 e, em março do mesmo ano, nomeado diretor do Colégio Santo Antonio. No dia 12 de julho de 1925, foi nomeado vigário da Apresentação e Cura da Catedral. Sua posse teve lugar na Igreja de Santo Antonio por motivo de trabalho de remodelação na Catedral. Foi Visitador Diocesano em 1931 e professor do Seminário e do Colégio Estadual. No período em que estava em Natal, hospedou o jovem estudante Jorge Coelho da Silveira que havia deixado o Seminário de Olinda e transferira-se para aquela cidade a fim de fazer o curso científico.
Em 1951, voltou para Recife, onde passou algum tempo como Vigário, retornando para Natal em 1953 para ser Capelão do Colégio da Conceição e Consultor Diocesano. Em 1919, foi designado Monsenhor Camareiro de Bento XV a pedido do Bispo Dom José de Oliveira. Monsenhor Prelado Doméstico, em 1929, dado por Pio XI. Monsenhor Protonotário Apostólico do Papa João XXIII.

Gravemente enfermo, internou-se no Hospital das Clínicas, em Natal, onde veio a falecer no dia 09 de julho de 1968 aos 71 anos de idade. Os seus restos mortais se encontram em um túmulo em Natal.