domingo, 3 de março de 2013

Dom Luiz de Brito - Primeiro Bispo a Visitar Amaraji


Dom Luiz Raimundo da Silva Brito, foi o 1º Arcebispo de Olinda, cujo governo diocesano foi de 1901 a 1915, sendo ele o 25º bispo da Diocese de Olinda.
Era sacerdote do hábito de São Pedro, como em seu tempo designavam os padres diocesanos. Entrou no seminário aos 12 anos, concluindo o curso de humanidades no Liceu do Maranhão. Foi ordenado presbítero em 19 de junho de 1864 por Dom Luiz da Conceição Saraiva, OSB. Foi sagrado bispo em cinco de maio de 1904, na Catedral do Rio de Janeiro, por Dom Joaquim Arcoverde, então Arcebispo do Rio e onde o padre Luiz era cônego.

Sua posse como bispo de Olinda ocorreu em dois de julho de 1901, na Igreja da Sé de Olinda. Nessa solenidade estava presente o Arcebispo Primaz do Brasil D. Jerônimo Tomé de Souza. O tradicional Te-Deum foi cantado na Matriz do Corpo Santo, que existia em Recife, sendo o novo bispo saudado pelo Mons. José de Oliveira Lopes, reitor do Seminário de Olinda.
Ao longo do seu episcopado (1901-1915), Dom Luiz Brito desenvolveu uma atividade pastoral que o levou a visitar toda a diocese, que então compreendia todo o Estado de Pernambuco, com jurisdição ainda sobre Alagoas, Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará. Na freguesia de Amaraji, ele realizou sua visita entre os dias 9 a 14 de novembro de 1905.

De suas visitas pastorais veio como consequência a elevação de Olinda à condição de Arquidiocese, sendo o seu primeiro arcebispo, e o planejamento da reestruturação da Província eclesiástica de Pernambuco, com o desmembramento de paróquias que vieram a se tornar dioceses posteriormente, casos de Petrolina, Garanhuns, Nazaré da Mata e Floresta. A Diocese de Floresta, no Sertão do São Francisco, posteriormente teve sua sede transferida para Pesqueira. A atuação de D. Luiz de Brito estava em consonância com as orientações da Igreja durante a República Velha, na qual o papel da hierarquia se ateve a implantar instituições que ancorassem a sua inserção sociopolítica.
O contexto eclesial-político dos finais do século XIX estava fundamentado em algumas metas delineadas pela Santa Sé: 1º - A reconstrução da Igreja no Brasil tendo em vista sua ligação efetiva à Sé Romana, metas essas bem definidas em 1899, no Concílio Plenário para o Episcopado da América Latina (28 de maio a 9 de julho de 1899); 2º - Manter boas relações com o Estado brasileiro, consubstanciado na criação do Partido Católico (1890) cujo objetivo era a aproximação com Estado, cujas lideranças estavam no Rio de Janeiro. É dentro dessa conjuntura que é arquitetado a elevação da diocese de Olinda à Arquidiocese e é aí que são incentivadas e criadas a Ação Católica, que desembocará posteriormente no integralismo católico. Não obstante dom Luiz de Brito abrirá espaços para o seu sucessor imediato: D. Sebastião Leme.

Desta forma a Igreja de Olinda que até então era uma historicamente "Liberal" passa a ter um direcionamento "Conservador", resgatando povo e elite para o redil da Igreja, meta essa que será marco de seu sucessor imediato Dom Sebastião Leme, mas que Dom Luiz já lançava bases, cujas ações pastorais sinteticamente abaixo elencadas dão mostras do apelo popular e elitista dessa estratégia de inserção na igreja na nova realidade urbana brasileira, e particularmente dentro da nova realidade pernambucana, que se insurgia como o maior centro industrial nordestino naquele momento (Leão do Norte), com nova configuração urbana, nitidamente nos subúrbios da zona norte, onde passariam a habitar os migrantes operários e descendentes de afro-brasileiros, como foi o caso do Morro da Conceição, local de edificação de uma nova Igreja e novo centro de peregrinação, desde então.

São de sua iniciativa pastoral:
A fundação do Círculo Católico Operário;
A fundação do Jornal Tribuna Religiosa (A Tribuna);
A elevação de Nossa Senhora do Carmo à Excelsa Padroeira do Recife;
A construção do monumento à Nossa Senhora da Conceição do Morro, no subúrbio Recifense e incentivo às peregrinações anuais;
Reorganização e criação de diversas Paróquias, saindo do centro para as periferias;
Reforma da Sé de Olinda, transformando-a em estilo neogótico.

Sob seu governo, em cinco de dezembro de 1910, a diocese de Olinda foi elevada a Arquidiocese e Sede Metropolitana pelo Decreto da Sagrada Congregação Consistorial. Pela Bula "Cum urbs Recife" do Papa Bento XV de 26 de julho de 1918, passou a denominar-se Arquidiocese de Olinda e Recife.

Sob as gestões do governador Dantas Barreto e do prefeito Eudoro Correia, em 1912, foi demolida a Capela da Conceição dos Canoeiros, construída em 1851. Em 1913, foi demolido o Arco da Conceição, inaugurado em 1740, e a Matriz do Corpo Santo, edificada no século XVI, no local da ermida de Santelmo, uma das mais antigas edificações do Recife, para dar lugar à ampliação do cais e modernização do atual bairro do Recife, fatos que deixaram consternados muitos fiéis. Não se tem notícias quais foram as compensações materiais obtidas pela diocese por essas desapropriações, mas o fato abriu precedentes para demolições de edifícios religiosos à posteriori.
Aos 75 anos, sofreu um derrame cerebral, falecendo no dia nove de dezembro de 1915, sendo sepultado na Catedral de Olinda, onde seus restos mortais ainda permanecem no Mausoléu dos Bispos.

 

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