A
instituição da prefeitura de seu encarregado maior, o "prefeito", é
algo relativamente novo na história do Brasil. O poder hoje exercido pela
prefeitura foi anteriormente exercido pela câmara municipal, pelo conselho de
intendência e pela intendência municipal.
Durante
todo o período do Brasil Colônia, a instituição administrativa máxima no nível
municipal era a câmara municipal, que exercia um número muito maior de funções
do que atualmente. Era a responsável pela coleta de impostos; regulação do
exercício de profissões e ofícios; regulação do comércio; preservação do
patrimônio público, criação e gerência de prisões; ou seja, uma ampla gama nos
três campos da administração pública: executivo, legislativo e judiciário, a
exemplo do modelo português (ainda hoje em vigor em Portugal).
Com
a Independência do Brasil, a autonomia de que gozavam as câmaras municipais foi
drasticamente diminuída. O império centralizou a administração pública através
da Constituição de 1824. A duração da legislatura foi fixada em quatro anos e o
vereador mais votado assumia a Presidência da Câmara. Em tal cargo, o
presidente da Câmara continuou a ser, no entanto, responsável por funções
comparáveis às do atual prefeito, além de seus encargos como vereador e como
presidente da Câmara dos Vereadores.
Como
resultado do Proclamação da República Brasileira em 1889, as câmaras municipais
são dissolvidas e seus poderes, alterados. Os presidentes dos estados são
habilitados a nomear os membros do Conselho de Intendência. Tais conselhos de
intendência são responsáveis, com exclusividade, pelo poder executivo
municipal, separando este poder do legislativo, que continua a cargo das
câmaras municipais, uma vez que estas são recompostas.
Continua
a existir, na maioria das vezes, no entanto, uma coincidência entre o cargo de
intendente e o de presidente da Câmara, conquanto ele agora seja um líder comum
para dois poderes distintos, o executivo e o legislativo, tendo sob seu poder,
portanto, duas máquinas independentes uma da outra. Designado pelo presidente
de cada estado da federação, o intendente, sendo muitas vezes presidente do
corpo legislativo municipal, continuava a ser eleito, primeiro, por seus pares,
vereadores.
Em
1905, cria-se a figura do "intendente geral" e é instituída a
"intendência municipal". Não mais há a coincidência entre os dois
cargos, o de intendente e o de presidente da Câmara. No entanto, ao mesmo tempo
em que os membros da câmara municipal – e, portanto, indiretamente o presidente
da Câmara - são eleitos pelo povo, o intendente geral continua a ser apontado
pelo presidente de cada estado.
Tal
sistema permanece até 1930, quando, com a Revolução de 1930 e o início da Era
Vargas, cria-se a figura do prefeito e institui-se a "prefeitura", à
qual, como acontecia anteriormente com a intendência municipal, continuam a ser
atribuídas as funções executivas do município. O prefeito, a partir da
Constituição de 1934, passa a ser escolhido pelo povo, mas, durante os vários
períodos ditatoriais da história do Brasil, por vezes o cargo voltou a ser
preenchido por apontamento dos governos federal ou estadual.
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