A
existência de povoado de São José da Extrema, hoje vila Demarcação, é anterior
à fundação de Amaraji, considerando a data de 1868, quando foi iniciada uma
feira livre em terras do engenho Garra.
O
Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de Pernambuco de
1864 mostra o povoado de São José da extrema como o 3º distrito da freguesia de
Nossa Senhora da Escada. Na página 37 do Almanak, aparece a seguinte
informação:
TERMO
DE ESCADA NO ANO DE 1864
Dista da capital 12 léguas
Delegado – Dr. Sérgio Diniz de Moura
Matos
Suplentes:
1 - Antônio Feijó de Melo
2 - José Pereira de Araújo
3 - Manoel Antônio Dias
4 - Antônio dos Santos Pontual
5 - Roque Ferreira da Costa
6 - Tomás Joaquim de Oliveira
Freguesia
da Escada – 1º Distrito
Subdelegado – José Sancho Bezerra
Cavalcanti
Suplentes:
1 - Manuel da rocha Lins
2 - Marcionilo da Silveira Lins
3 - Joaquim Cavalcanti Ribeiro de
Lacerda
4 - Manuel Rodrigues da Silva Câmara
5 - Ildefonso Manuel dos Santos
Guedes
6 - Tomás Rodrigues Pereira
2º
Distrito – Aripibu
Subdelegado – Antônio dos Santos
Pontual
Suplentes:
1 - Belmino Veloso da Silveira Lins
2 - José Dias da Silva
3 - Ageu Eduardo Veloso Freire
4 - José Leão Pereira de Melo
5 - Calixto Teixeira de Carvalho
6 - Antônio Gomes de Barros e Silva
3º
distrito –
São José da Extrema
Subdelegado – Cincinato Veloso da
Silveira
Suplentes:
1 - Antônio Gomes de Barros e Silva
2 - Filipe Paes de Oliveira
3 - José Cavalcanti Verçosa
4 - Vago
5 - Vago
O
jornal O Liberal, em sua edição do
dia 15 de fevereiro de 1874, publica uma portaria do presidente da província,
datada de 12 do mesmo mês, com o seguinte teor:
Administração
da Província – Por portaria da presidência de 12 do corrente, foi dividido o termo
de Gameleira, da comarca de Escada, em três distritos especiais, em cada um dos
quais, terá preferência no exercício o respectivo suplente do juiz municipal:
O
1º distrito compreenderá a vila e todos os termos do extinto engenho Gameleira,
inclusive as propriedades Pontable e Viração, e os engenhos Bom Sucesso,
Anhumas, São João, Antas, Cachoeira Grande, Aurora, Brejo, Assunção, Cocula,
Ribeirão, Santo Antônio, Dois Braços, Lobo, Castor, Poças, São Boaventura,
Santa Luzia, Monte Alegre, Amaraji d´Água, São Mateus e Curuzu.
O
2º distrito compreenderá o povoado de São
José da Extrema, e os engenhos Lopes, Bujari, Rainha dos Anjos, Minas
Novas, Oriental, Barra Nova, Cachoeira, Caxangá, Bom Despacho, Bom Destinos e
todas as propriedades que ficarem entre os referidos engenhos.
O
3º distrito compreenderá as propriedades Duas Barros e Capoeiras, e os engenhos
Cachoeira Lisa, Pacas, Alegre, Flor do Dia, Caxias, Progresso, Segredo, Ditoso,
Serrinha, Águas Claras, Bom Nome, Concórdia, São Gregório e Amaraji de Animais.
Com
esta divisão do termo de Gameleira da comarca de Escada, o povoado de São José
da Extrema passa a pertencer à Gameleira.
O
jornal O Liberal publicado em Recife,
numa edição de novembro
de 1868,
cita o Sr. Antônio Venâncio como subdelegado de São José da Extrema.
O
jornal O Liberal publica uma matéria
de três
de julho de 1870,
sobre uma conversação de Quincas Buarque e seu amigo Janjão Soares a respeito
de fatos acontecidos em São José da Extrema.
O
jornal A Província de 22 de janeiro
de 1877
cita os senhores Sérgio Diniz de Moura Matos Filho e Miguel Joaquim de Barros
Wanderley como subdelegado e primeiro suplente do distrito de São José da
Extrema.
O
jornal A Província de 16 de setembro
de 1891
comenta sobre uma petição dos moradores do distrito de São José da Extrema
pedindo em favor de um professor particular daquela localidade.
O
jornal A Província de 18 de março de
1920
anuncia a festa de São José, padroeiro do distrito de São José da Extrema da
seguinte forma:
Festa
de São José – Realiza-se amanhã, no povoado de Demarcação, 3º distrito da
comarca de Gameleira, a festa em homenagem a seu padroeiro São José. É juíza da
festa a Exma. Sra. Laurinda Mamede da Silva, residente no engenho Paraíso.
Acham-se à frente dos preparativos desta festa, os senhores capitães Francisco
Ivo, delegado policial e Francisco C. de Moraes, comerciante na localidade.
Dois
assentos de óbitos localizados em livros da paróquia da Soledade de Gameleira.
Um batizado realizado em 1869 na capela de São José da Extrema, um sepultamento
realizado no cemitério do povoado em 1872 e um outro sepultamento em 1874.
“No
dia dois de fevereiro de 1869, na matriz de São José da Extrema, de minha
bênção, batizou-se solenemente o párvulo, José, pardo, com sete meses de idade,
filho legítimo de Manuel Antônio das Neves e Benvinda Maria da Conceição. Foram
padrinhos Jasmelino Paes Barreto e Dona Maria do Nascimento, todos desta
freguesia. E para constar fiz este assento que vai assinado por mim. Gameleira,
10 de maio de 1869. Vigário Augusto Franklin Moreira da Silva.”
“Aos
dezoito de fevereiro de 1872, no cemitério de São José da Extrema, sepultou-se
o cadáver de Landelino de Tal, com seis anos, falecido de constipação, foi de
hábito branco. Vigário Antônio Graciano de Araújo Guarita.”
“Aos vinte e quatro de abril de mil oitocentos
e setenta e quatro, faleceu de espasmo, José, pardo, com um ano de idade, filho
legítimo de Júlia Gaspar, escrava de Lourenço Bezerra. Foi sepultado no
cemitério de São José da Extrema, do que para constar fiz este termo que eu
assino. Vigário João Augusto do Nascimento Pereira.”
Em
1938, quando o governo do Estado alterou os limites do município de Amaraji, a
usina Aripibu passou a pertencer a Ribeirão e os engenhos e propriedades no
entorno da referida usina foram divididos entre Amaraji e Ribeirão. A partir
daquele momento, o povoado de São José da Extrema ou Demarcação começou a
integrar a área territorial de Amaraji.
Até
então, o povoado de São José da Extrema era uma vila próspera e desenvolvida.
Havia lá um agente arrecadador da Secretaria da Fazenda, um subdelegado de
polícia, um bom comércio, além dos engenhos que produziam açúcar e cachaça. A
mandioca e a banana eram amplamente cultivadas.
O
vigário de Gameleira prestava assistência à capela celebrando missas e
oficiando batizados e casamentos.
Acredito
que, por conta do acesso difícil entre Amaraji e Demarcação, ou mesmo por falta
de interesse e vontade política, os políticos e prefeitos do município daquela
época e de muitas gestões subsequentes, deixaram a vila ao descaso. Muitas
famílias migraram do povoado para outras localidades.
Somente,
início da década de 1970, na gestão do prefeito José Gomes da Silva “Zé da
Banca”, a situação da vila começou a melhorar. Com a instalação da energia
elétrica, outras benfeitorias começaram a chegar ao povoado.
Resumindo,
a vila Demarcação, antiga São José da Extrema, é bem mais antiga do que a
cidade de Amaraji. Em 1864, quando Demarcação já era um dos distritos da
freguesia de Escada, a vila São José da Boa Esperança não existia. Em 1869 já
havia uma capela na vila e naturalmente um cemitério. De acordo com os livros
da paróquia de Gameleira, dezenas de pessoas de da vila São José do Amaraji
eram batizadas na capela de São José da Extrema.
Pela informação do Almanak
Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de Pernambuco do ano de
1864, a vila Demarcação tem 149 anos de existência, podendo, ainda, sua
existência ser anterior a esta data.