domingo, 28 de abril de 2013

Vila Demarcação - 149 Anos de Existência

A existência de povoado de São José da Extrema, hoje vila Demarcação, é anterior à fundação de Amaraji, considerando a data de 1868, quando foi iniciada uma feira livre em terras do engenho Garra.
O Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de Pernambuco de 1864 mostra o povoado de São José da extrema como o 3º distrito da freguesia de Nossa Senhora da Escada. Na página 37 do Almanak, aparece a seguinte informação:
TERMO DE ESCADA NO ANO DE 1864
Dista da capital 12 léguas
 
Delegado – Dr. Sérgio Diniz de Moura Matos
Suplentes:
1 - Antônio Feijó de Melo
2 - José Pereira de Araújo
3 - Manoel Antônio Dias
4 - Antônio dos Santos Pontual
5 - Roque Ferreira da Costa
6 - Tomás Joaquim de Oliveira
 
Freguesia da Escada – 1º Distrito
 
Subdelegado – José Sancho Bezerra Cavalcanti
Suplentes:
1 - Manuel da rocha Lins
2 - Marcionilo da Silveira Lins
3 - Joaquim Cavalcanti Ribeiro de Lacerda
4 - Manuel Rodrigues da Silva Câmara
5 - Ildefonso Manuel dos Santos Guedes
6 - Tomás Rodrigues Pereira
 
 
2º Distrito – Aripibu
 
Subdelegado – Antônio dos Santos Pontual
Suplentes:
1 - Belmino Veloso da Silveira Lins
2 - José Dias da Silva
3 - Ageu Eduardo Veloso Freire
4 - José Leão Pereira de Melo
5 - Calixto Teixeira de Carvalho
6 - Antônio Gomes de Barros e Silva
 
3º distrito – São José da Extrema
 
Subdelegado – Cincinato Veloso da Silveira
Suplentes:
1 - Antônio Gomes de Barros e Silva
2 - Filipe Paes de Oliveira
3 - José Cavalcanti Verçosa
4 - Vago
5 - Vago
 
O jornal O Liberal, em sua edição do dia 15 de fevereiro de 1874, publica uma portaria do presidente da província, datada de 12 do mesmo mês, com o seguinte teor:
Administração da Província – Por portaria da presidência de 12 do corrente, foi dividido o termo de Gameleira, da comarca de Escada, em três distritos especiais, em cada um dos quais, terá preferência no exercício o respectivo suplente do juiz municipal:
O 1º distrito compreenderá a vila e todos os termos do extinto engenho Gameleira, inclusive as propriedades Pontable e Viração, e os engenhos Bom Sucesso, Anhumas, São João, Antas, Cachoeira Grande, Aurora, Brejo, Assunção, Cocula, Ribeirão, Santo Antônio, Dois Braços, Lobo, Castor, Poças, São Boaventura, Santa Luzia, Monte Alegre, Amaraji d´Água, São Mateus e Curuzu.
O 2º distrito compreenderá o povoado de São José da Extrema, e os engenhos Lopes, Bujari, Rainha dos Anjos, Minas Novas, Oriental, Barra Nova, Cachoeira, Caxangá, Bom Despacho, Bom Destinos e todas as propriedades que ficarem entre os referidos engenhos.
O 3º distrito compreenderá as propriedades Duas Barros e Capoeiras, e os engenhos Cachoeira Lisa, Pacas, Alegre, Flor do Dia, Caxias, Progresso, Segredo, Ditoso, Serrinha, Águas Claras, Bom Nome, Concórdia, São Gregório e Amaraji de Animais.
Com esta divisão do termo de Gameleira da comarca de Escada, o povoado de São José da Extrema passa a pertencer à Gameleira.
O jornal O Liberal publicado em Recife, numa edição de novembro de 1868, cita o Sr. Antônio Venâncio como subdelegado de São José da Extrema.
O jornal O Liberal publica uma matéria de três de julho de 1870, sobre uma conversação de Quincas Buarque e seu amigo Janjão Soares a respeito de fatos acontecidos em São José da Extrema.
O jornal A Província de 22 de janeiro de 1877 cita os senhores Sérgio Diniz de Moura Matos Filho e Miguel Joaquim de Barros Wanderley como subdelegado e primeiro suplente do distrito de São José da Extrema.
O jornal A Província de 16 de setembro de 1891 comenta sobre uma petição dos moradores do distrito de São José da Extrema pedindo em favor de um professor particular daquela localidade.
O jornal A Província de 18 de março de 1920 anuncia a festa de São José, padroeiro do distrito de São José da Extrema da seguinte forma:
Festa de São José – Realiza-se amanhã, no povoado de Demarcação, 3º distrito da comarca de Gameleira, a festa em homenagem a seu padroeiro São José. É juíza da festa a Exma. Sra. Laurinda Mamede da Silva, residente no engenho Paraíso. Acham-se à frente dos preparativos desta festa, os senhores capitães Francisco Ivo, delegado policial e Francisco C. de Moraes, comerciante na localidade.
Dois assentos de óbitos localizados em livros da paróquia da Soledade de Gameleira. Um batizado realizado em 1869 na capela de São José da Extrema, um sepultamento realizado no cemitério do povoado em 1872 e um outro sepultamento em 1874.
“No dia dois de fevereiro de 1869, na matriz de São José da Extrema, de minha bênção, batizou-se solenemente o párvulo, José, pardo, com sete meses de idade, filho legítimo de Manuel Antônio das Neves e Benvinda Maria da Conceição. Foram padrinhos Jasmelino Paes Barreto e Dona Maria do Nascimento, todos desta freguesia. E para constar fiz este assento que vai assinado por mim. Gameleira, 10 de maio de 1869. Vigário Augusto Franklin Moreira da Silva.”
“Aos dezoito de fevereiro de 1872, no cemitério de São José da Extrema, sepultou-se o cadáver de Landelino de Tal, com seis anos, falecido de constipação, foi de hábito branco. Vigário Antônio Graciano de Araújo Guarita.”
 “Aos vinte e quatro de abril de mil oitocentos e setenta e quatro, faleceu de espasmo, José, pardo, com um ano de idade, filho legítimo de Júlia Gaspar, escrava de Lourenço Bezerra. Foi sepultado no cemitério de São José da Extrema, do que para constar fiz este termo que eu assino. Vigário João Augusto do Nascimento Pereira.”
Em 1938, quando o governo do Estado alterou os limites do município de Amaraji, a usina Aripibu passou a pertencer a Ribeirão e os engenhos e propriedades no entorno da referida usina foram divididos entre Amaraji e Ribeirão. A partir daquele momento, o povoado de São José da Extrema ou Demarcação começou a integrar a área territorial de Amaraji.
Até então, o povoado de São José da Extrema era uma vila próspera e desenvolvida. Havia lá um agente arrecadador da Secretaria da Fazenda, um subdelegado de polícia, um bom comércio, além dos engenhos que produziam açúcar e cachaça. A mandioca e a banana eram amplamente cultivadas.
O vigário de Gameleira prestava assistência à capela celebrando missas e oficiando batizados e casamentos.
Acredito que, por conta do acesso difícil entre Amaraji e Demarcação, ou mesmo por falta de interesse e vontade política, os políticos e prefeitos do município daquela época e de muitas gestões subsequentes, deixaram a vila ao descaso. Muitas famílias migraram do povoado para outras localidades.
Somente, início da década de 1970, na gestão do prefeito José Gomes da Silva “Zé da Banca”, a situação da vila começou a melhorar. Com a instalação da energia elétrica, outras benfeitorias começaram a chegar ao povoado.
Resumindo, a vila Demarcação, antiga São José da Extrema, é bem mais antiga do que a cidade de Amaraji. Em 1864, quando Demarcação já era um dos distritos da freguesia de Escada, a vila São José da Boa Esperança não existia. Em 1869 já havia uma capela na vila e naturalmente um cemitério. De acordo com os livros da paróquia de Gameleira, dezenas de pessoas de da vila São José do Amaraji eram batizadas na capela de São José da Extrema.
 
Pela informação do Almanak Administrativo, Mercantil e Industrial da Província de Pernambuco do ano de 1864, a vila Demarcação tem 149 anos de existência, podendo, ainda, sua existência ser anterior a esta data.
 

 

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