Padre Francisco Raimundo
da Cunha Pedrosa nasceu no dia 19 de junho de 1847, no Sítio Pau Amarelo do
Engenho Prado, freguesia de Tracunhaém, município de Nazaré da Mata,
Pernambuco. Era filho do Capitão Raimundo da Cunha Pedrosa e de D. Maria José
dos Prazeres Cunha Pedrosa.
Em 1864, aos 17 anos de
idade, partiu para o Seminário de Olinda. Ordenando-se no dia 03 de novembro de
1870.
Seus biógrafos dizem que
ele chegou à paróquia de Escada no dia primeiro de janeiro de 1888. Entretanto,
seu nome já consta nos livros de assentos de batismos e casamentos daquela
freguesia, desde 1862. É provável que ele tenha sido um dos coadjutores do
Cônego Simão de Azevedo Campos, vigário daquela freguesia, e, depois, o tenha
substituído.
Ao assumir a paróquia, no
discurso de posse feito ao povo escadense, ele solicitou a construção de um
cemitério em um lugar mais apropriado, por achar que a continuação de
sepultamentos ao lado da Igreja Matriz era contrária aos preceitos da higiene e
salubridade pública. O seu pedido foi atendido após dezesseis anos. Encerrou suas
palavras declarando as seguintes palavras: “Nunca militei, nem milito em nenhum
dos partidos políticos deste país, não me envolvo direta nem indiretamente nas
lutas partidárias; não voto finalmente. Tal tem sido sempre a minha conduta e
espero em Deus e na Santíssima Virgem, nossa augusta Padroeira, assim levar o
resto de minha vida paroquial. A minha política é o Evangelho, a minha luta é a
luta da cruz”.
Foi considerado, na época,
um pioneiro em viagens marítimas dentro e fora do Brasil. Publicando obras
importantes sobre estas viagens. Sendo elas Notas de Viagens (1900) e Terra
Santa. Além de outras obras como: A Santíssima Eucaristia (compilação de 1906),
Jesus Cristo (1918), Escada (1924), Cartas e Cartões (coletânea de 35 cartas).
E uma autobiografia, escrita por ele, contendo quarenta e oito páginas e datada
de 1923.
Em 1922, interferiu-se, o
Padre Pedrosa, não partidariamente, na política pernambucana, escrevendo uma
carta ao presidente do Brasil, Epitácio Pessoa solicitando a permanência da
Força Federal nos quartéis. Impedindo, dessa forma as injustiças, crimes e
perseguições políticas que estavam acontecendo em Pernambuco, durante as
eleições para governador, com a intervenção da mesma.
O seu pedido foi atendido
imediatamente. Foi enviado um novo comandante à frente da Força Federal com
ordem terminante para contê-la nos quartéis, fazendo, assim, reinar a paz.
A carta enviada ao
Presidente Epitácio Pessoa pelo Vigário Pedrosa, redigida em Escada, é
considerada, em Pernambuco, como um importante documento histórico.
Em dezembro de 1934, aos
84 anos de idade, recebeu na Casa Paroquial de Escada, a visita do General
Manuel Rabelo, ex-interventor de São Paulo e Comandante da 7ªº Região Militar
que veio conhecê-lo pessoalmente. Após ter recebido uma carta na qual o Padre
Pedrosa, prestava solidariedade ao General pelas críticas e maus julgamentos
feitos pelos pernambucanos sobre o ele. Tornando-se grandes amigos, e, uma
semana depois, o Vigário Pedrosa visitou o General em sua residência.
O quarto distrito de Paz
da freguesia da Escada, onde surgiu o povoado de Cambão Torto, posteriormente,
chamado de Vila São José da Boa Esperança, sempre esteve aos cuidados do
Vigário Pedrosa e de seus coadjutores desde 1868, ano em que se iniciou a feira
livre na localidade, até 1904, quando o bispo Dom Luiz Raimundo da Silva Brito
criou a freguesia de Amaraji, designando o padre Raimundo Higino Rodrigues de
Assunção, seu primeiro vigário.
Na Vila São José da Boa
Esperança, o Vigário Pedrosa foi coadjuvado por vários padres que oficiavam atos
religiosos como: missas, batizados e casamentos, quer na capela de São José da vila,
quer nas capelas e oratórios particulares dos engenhos.
Na época havia capelas nos
engenhos Amaraji, Visgueiro, Cabeça de Negro, Aripibu, povoado de São José da
Extrema (Demarcação) e oratórios particulares e quase todos os engenhos.
Os padres coadjutores do
Vigário Pedrosa foram:
Pe. João Batista Araújo,
nos engenhos Amaraji e Contendas;
Pe. Domingues José Martins
Pereira, no engenho Amaraji em 1870;
Pe. Vicente de Faria
Gurjão, nos engenhos Contendas e Cabeça de Negro de 1872 a 1895;
Pe. Manuel Barroso Pereira,
na capela da vila e no engenho Raiz Nova de 1872 a 1878;
Pe. Antônio do Monte e
Silva, na capela da vila em 1873;
Pe. José Francisco da
Silva Borges, na capela da vila em 1878;
Frei Venâncio Maria de
Ferrara, missionário capuchinho que iniciou a construção da igreja em 1879;
Pe. Tomás Coelho Estima,
no engenho Aripibu em 1880;
Frei João de Gangi, que em
12 de dezembro de 1883 abençoou a nova matriz;
Pe. Herculano Marques da
Silva, na capela da vila de 1878 a 1883;
Pe. Dr. Estanislau Pereira
de Carvalho, na capela de São José da Extrema (Demarcação) em 1882;
Pe. Manuel Carlos de
Brito, engenho Rinoceronte em 1883.
Cônego Manuel José Martins
Alves de Carvalho, no engenho Aripibu em 1884;
Pe. Vitorino de Souza
Mendes de Carvalho, na capela da vila de 1884 a 1895.
Em todo esse período,
quando não havia nenhum coadjutor, o Vigário Pedrosa prestava assistência
religiosa à vila e aos engenhos do distrito.
Em 1904, quando o bispo
Dom Luiz de Brito criou a freguesia de Amaraji e nomeou o primeiro pároco, o Vigário
Pedrosa estava doente e, além de não ter sido comunicado do fato, não pode
despedir-se de seus paroquianos. Daí haver escrito, através do jornal “A
Província” uma carta de explicação e despedida para a comunidade católica de
Amaraji. Eis o teor da carta:
Privado inesperadamente
por uma portaria do Exmo. Bispo diocesano, da administração paroquial do Amaraji
(hoje elevada à freguesia) e não tendo, portanto, mais ocasião de fazer minhas
despedidas daquele povo bom, celebrando ali a minha última missa, faço-o pela
presente.
Achava-me bastante doente
quando recebi do padre Jerônimo um cartão a lápis dizendo-me que fora nomeado
vigário da nova freguesia e que seguia para tomar posse.
Foi uma verdadeira
surpresa para mim tal notícia. Só três dias depois foi que recebi comunicação
oficial nesse sentido.
Constando-me, é verdade,
que S. Exa. pretendia castigar-me por “uma certa altivez” que encontra em mim,
dividindo-me a freguesia; mas eu, apesar de não acreditar em semelhante
história, aguardava, todavia, os acontecimentos.
Eis que sou afinal
surpreendido com a divisão de minha freguesia sem que fosse previamente ouvido,
nem tampouco os meus colegas vizinhos, prescindindo in limine todas as solenidades
do direito.
Há quatro anos passados eu
mesmo propus ao antecessor de S. Exa. a criação da freguesia de Amaraji para nessa colocar como
vigário meu ex-coadjutor padre Virtorino Mendes de Paiva, mas não fui atendido.
Era, entretanto, uma divisão razoável que atendia aos interesses das duas
partes – tanto da antiga como da nova freguesia.
Vê-se, pois, que eu não me
opunha a isso, desde fossem ouvidos os meus colegas, conforme determina o
direito, e que combinássemos com S. Exa. o que fosse justo.
Dito isso de passagem e
sem mais comentário, prevaleço-me da imprensa para de todo o meu coração
agradecer ao bom povo amarajiense o respeito e atenção que me dispensou
malgrado nenhum mérito meu, sempre que ia lá celebrar e levar-lhes o socorro
espiritual, e peço perdão se por ventura alguma falta cometi.
Agradeço de modo
particular ao meu leal amigo, comendador José Pereira de Araújo e sua digna
consorte a fidalga hospitalidade que bondosamente me dispensaram sempre em sua
casa.
Não menos grato me
confesso ao prestimoso Sr. Dr. Alves de Araújo, Dr. Macedo, Eduardo de
Carvalho, Luiz Monteiro de Farias, José Luiz, Paulino Rodrigues dos Santos,
Joaquim Coelho da Silveira, Feliciano e outros habitantes da vila que tanto me
penhoraram a gratidão.
A todos finalmente o meu
eterno agradecimento e um adeus de saudosa despedida.
Escada, 2-5-1904.
Vigário Pedrosa
O Vigário Pedrosa faleceu
no dia 18 de novembro de 1936, sendo sepultado na Igreja Matriz da Escada. No
local, onde colocaram o altar da Capela do Santíssimo.
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