Vamos dar um descanso ao barão e à aristocracia e falar sobre uma menina que nasceu lá na província. Talentosa, inteligente, sabia cantar e dançar e era o personagem perfeito para fazer parte de um pastoril, apresentação do folclore brasileiro, muito popular nas festas de final do ano nas décadas passadas. Cada paróquia organizava o seu. E as torcidas se organizavam e gritavam, quase com histeria, os nomes de suas cores preferidas, azul ou encarnado, enquanto as pastorinhas cantavam, dançavam e tocavam seus pandeiros de forma sincronizada.
Mas esta garota de que vamos falar, não apareceu somente no pastoril. Vale a pena começar a contar suas peripécias desde o nascimento.
Ela começou a se destacar nos testes para participar do pastoril, entretanto, apesar do talento e da voz afinadíssima, era de estatura muito pequena e as organizadoras do evento, na época, dona Sônia Dantas, Salete Moraes e Dasdores Teixeira achavam que o personagem perfeito para ela, seria o da “borboleta”. E, quando lhe comunicaram o fato, ela arregalou os olhos, apontou o dedo para as senhoras, olhou em volta e falou num tom firme e decidido, quase gritando: “nada disso, borboleta coisa nenhuma, se eu não for a mestra, não danço”. E sem esperar resposta, apanhou o pequeno chale de lã e caminhou em direção à saída do salão paroquial. As senhoras entreolharam-se e ficaram sem saber o que dizer. E agora, será que a menina iria mesmo ser a mestra, ficar dando pulinhos e balançando as asinhas em volta das outras pastoras. A gente vai saber acompanhando os capítulos da história. Divirtam-se. Eu estou me divertindo. O primeiro capítulo está no final da página.
Nenhum comentário:
Postar um comentário